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Peugeot 208 Griffe / Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira, da AutoMotrix

Nesse contexto de vendas em baixa e de pandemia, que vem afetando as vendas de automóveis no mundo, o lançamento nacional do novo Peugeot 208, que aconteceu em setembro, é parte fundamental da estratégia da Peugeot para tentar voltar ao “top 10” do mercado nacional. A carroceria do novo 208 é sutilmente mais longa, mais larga e mais baixa em comparação à de seu antecessor. A dianteira exibe elementos da nova assinatura visual da Peugeot na parte inferior – lá está o “olhar felino” expresso pelos faróis e o “dente de sabre” formado pela iluminação diurna full-led. A ampla grade ostenta o indefectível logotipo do leão boxeador ao centro. A traseira evoca as dos utilitários esportivos 3008 e 5008. Nela, um acabamento em black piano se estende por toda a largura da tampa do porta-malas, como uma “ponte” unindo as lanternas dotadas de elementos luminosos que insinuam três “garras”.

O primeiro i-Cockpit – com seu volante pequeno e o painel de instrumentos elevado – surgiu junto com o primeiro 208, no início de 2012. Alastrou-se por toda a linha Peugeot e tornou-se um símbolo da marca. O atual 208 incorpora uma nova geração do i-Cockpit, batizada como i-Cockpit 3D, que adiciona um cluster em três dimensões ao ambiente dominado pelo volante Sport Drive. No novo cluster, que dispõe de tecnologia holográfica em três dimensões, algumas informações aparecem projetadas em destaque, mais à frente do visor principal. E a central multimídia “touchscreen” tem tela de 7 polegadas.

A linha 2021 do 208 marca a estreia da produção de hatches na plataforma CMP (Common Modular Platform), uma das mais modernas do Groupe PSA. Ela permite a introdução de inovações tecnológicas de assistência à direção, à segurança e à comodidade do Peugeot Driver Assist – todas exclusivas da versão Griffe. A configuração “top” do 208 traz de série sistemas como alerta de colisão, frenagem de emergência, alerta e correção de mudança de faixa, auxílio de farol alto, reconhecimento de placas e de limite de velocidade exibido no painel de instrumentos e carregamento de smartphone “wireless”. O 208 Griffe incorpora ainda requintes como teto de vidro panorâmico, rodas de liga leve de 16 polegadas diamantadas, escapamento cromado, ar-condicionado automático digital, volante multifuncional em couro, bancos em Alcântara, chave keyless, partida do motor por botão, faróis full-led e assistente de estacionamento VisioPark 180 graus. Um pacote amplo, que ajuda a justificar os “salgados” R$ 96.990 cobrados pelo 208 Griffe.

No entanto, nem tudo inspira modernidade no novo 208. Todas as versões são movidas por um motor 1.6 16V flex da mesma família do 1.6 8V dos primeiros 206 nacionais, lançados há vinte anos. Ele atua associado a uma transmissão automática sequencial de 6 marchas e, com etanol, desenvolve 118 cavalos de potência e 15,5 kgfm de torque. Embora mais antigo, o 1.6 16V oferece mais potência e torque em comparação ao 1.2 Puretech aspirado bicombustível que movia a versão anterior produzida até o final do primeiro semestre do ano passado em Porto Real, que entregava 84 cavalos e 12,2 kgfm na gasolina e 90 cavalos e 13 kgfm no etanol. Todavia, quem acompanhou o lançamento do 208 na Europa certamente esperava que o novo carro viesse para o Brasil com o moderno propulsor da versão europeia, um 1.2 turbo com até 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm de torque. A opção da Peugeot por equipar o novo 208 com um motor de concepção antiga resulta em um “efeito colateral” explicitado na avaliação de consumo e emissões do Inmetro, afixada no para-brisa do carro. Nela, aparece a informação de que o modelo recebeu um conceito “D” na categoria de hatches compactos, na escala de “A” até “E”. O selo do Programa Brasileiro de Etiquetagem atesta que o consumo do 208 flex na cidade fica em 7,5 km/l com etanol e em 10,9 km/l com gasolina. Na estrada, os consumos aferidos foram de 9 km/l com etanol e de 13,1 km/l com gasolina.

O i-Cockpit 3D do Peugeot 208, com seu volante reduzido com a base e o topo achatados, além de permitir uma boa visualização das informações dos instrumentos, sugestiona uma posição de dirigir que faz o motorista se sentir como um piloto. E as informações apresentadas de forma tridimensional no tablier, projetadas em diferentes “profundidades”, facilitam a visualização e dão um toque futurista ao ambiente. Graças à tecnologia holográfica em 3D, algumas informações aparecem em destaque, aproximando-se dos olhos e proporcionando uma leitura mais confortável.

Outras tecnologias reforçam o aspecto futurista. No painel de instrumentos, são exibidas as placas de trânsito e de limites de velocidade – porém, nem todas são captadas pelo sistema. O carregamento de smartphone “wireless” também ajuda a criar um ambiente de modernidade, assim como o assistente de estacionamento VisioPark 180 graus. Já o teto de vidro panorâmico amplia a percepção de espaço a bordo, enquanto o requinte da versão é ressaltado por itens como o ar-condicionado automático digital, o volante multifuncional em couro, os bancos em Alcântara, a chave presencial com comandos de abertura das portas e da tampa do compartimento de carga e a partida do motor por botão. No geral, o acabamento interno é de padrão elevado – o dos para-sóis, um tanto tosco, é uma rara exceção.

O poder da sugestão

O Peugeot 208 Griffe apresenta um curioso paradoxo. Sua estética externa e interna, a modernidade da plataforma e as tecnologias embarcadas sugerem um comportamento dinâmico instigante, mas o veterano motor 1.6 flex não corresponde à esportividade insinuada. Até oferece torque e potência coerentes com um compacto urbano – contudo, o visual do novo 208 inspira algo além disso. Para quem gosta de dirigir de forma mais dinâmica, o compacto da Peugeot demora mais que o desejável para reagir às pressões no pedal do acelerador, que tem um curso um tanto longo. O câmbio automático de 6 velocidades cumpre sua função e faz as passagens de marchas de forma elegante, sem solavancos, entretanto, também não foi desenvolvido para tornar as performances mais arrebatadoras. O uso do modo “Sport” do câmbio ou o acionamento manual sequencial das marchas na manopla até permitem retomadas um pouco mais vigorosas, mas nada demasiadamente emocionante. Já o modo “Eco”, voltado para a economia de combustível, deixa o compacto ainda mais comedido.

Todavia, a contradição entre a estética e a mecânica está longe de ser uma exclusividade do modelo da Peugeot. Como muitos consumidores fascinados pelo design esportivo na realidade nem costumam pisar demais no acelerador, modelos visualmente instigantes como o 208 cumprem seu papel de inspirar o imaginário. Se não oferece um desempenho tão empolgante quanto seu estilo promete, a dirigibilidade do hatch da Peugeot é um dos seus destaques. O sistema de suspensão filtra as irregularidades do piso com eficiência. A direção elétrica também cumpre bem o seu papel e oferece boa comunicação entre o motorista e as rodas.

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