9ª Festa de Iemanjá reúne cerca de 10 mil pessoas na Praia da Enseada

“Eu vou levar/ Eu vou levar flores no mar para Iemanjá”. Entoando o canto em homenagem a Iemanjá, a Rainha do Mar, integrantes das religiões de matrizes africanas, como candomblé e umbanda, seguiram em procissão da Avenida Dom Pedro I até a Praia da Enseada, para celebrar o dia da divindade africana. A 9ª Festa de Iemanjá de Guarujá terminou na noite de domingo (2), com uma grande demonstração de fé e emoção. O barulho do mar se misturava ao som dos atabaques, tambores e cânticos e cerca de 10 mil pessoas participaram da celebração ao ar livre.

O evento é organizado pelos terreiros junto com a Prefeitura de Guarujá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A iniciativa contou ainda com apoio da Secretaria Municipal de Coordenação Governamental, por meio da Assessoria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, e o Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra. A Prefeitura montou 23 tendas na areia para 44 terreiros para os adeptos do candomblé e umbanda.

A secretária municipal de Cultura, Mariângela Duarte, salientou que o evento mostra a riqueza da brasilidade, com a força da identidade africana na formação da cultura nacional. Ela argumenta que os brancos portugueses vindos no período da colonização eram degredados e fugitivos, já os negros escravizados faziam parte da realeza africana em suas regiões e, por isso, a cultura negra prevaleceu na formação da identidade brasileira. “Se analisarmos, 300 anos de escravidão não foram capazes de calar os tambores e a crença do povo negro em Iemanjá, por isso temos no Brasil, e em especial em Guarujá, esta beleza que é a Festa de Iemanjá. É um culto fortíssimo”, salientou.

No início da procissão, Mariângela saudou os babalorixás (pais do orixá), yalorixás (mãe do orixá) e lembrou dos pioneiros da religião na Cidade, como os já falecidos Pai Bobó e Mãe Catita. “Muito axé para todos nós! Que o calor da paz e da fraternidade marque esta reverência à realeza de Iemanjá”, disse. A saudação foi complementada pela secretária municipal de Coordenação Governamental, Eliane Ribeiro, que representou a prefeita Maria Antonieta de Brito no ato.

Identidade negra e palestras – Na edição 2014, o evento em homenagem à Rainha das Águas teve três dias de programação, com mostras de capoeira, teatro, culinária típica e palestras sobre a importância do combate à intolerância religiosa, os afro-religiosos e o meio ambiente, o negro e a conjuntura socioeconômica. De todos os temas, o destaque ficou para “A Mortalidade infantil e o papel da comunidade”, fazendo uma alusão à figura materna de Iemanjá com a importância da redução da mortalidade infantil, intensificando a campanha pelo pré-natal.

Outro diferencial deste ano foi o fato da prefeita Antonieta atender o pleito do segmento e este ano Iemanjá ser representada com características de sua origem negra nas peças publicitárias (cartazes, faixas e anúncios) da Prefeitura sobre a festa. A solicitação foi assinada este ano por 22 integrantes da Comissão composta pelas Entidades Tradicionais de Povos de Matriz Africana.

Para o pai Beto de Oxum, do Ilê Aé Oxum Opara, no bairro Santa Rosa, a comemoração é fundamental para a religião. “Comecei a participar por causa da Mãe Catita. Hoje venho para visitar e a festa é muito bonita”, considerou.

Representante estadual participa da festa em Guarujá

O presidente estadual do Conselho da Comunidade Negra, Marco Antônio Zito Alvarenga, prestigiou as honrarias à Iemanjá na Pérola do Atlântico. Ele salientou que o papel do órgão é fortalecer as instituições e políticas públicas voltadas ao segmento. “Fortalecemos com a presença e manifestação formal. Tenho uma ligação forte com Guarujá e aqui acontece uma das mais belas festas de Iemanjá. A atual gestão está pontuando com brilho este evento”, avaliou.