Desemprego enfraquece o movimento sindical
PAPO COM SINDICALISTA. Jorge Caetano Fermino, presidente do Sindigráficos
13 MAR 2017 • POR • 11h00O fim da aposentadoria especial que está sendo debatido na reforma previdenciária no Congresso Nacional vai atingir em cheio os trabalhadores gráficos, categoria que vem enfrentando desemprego no setor de jornais e crescimento no de impressão digital.
A informação é do sindicalista Jorge Caetano Fermino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos da Baixada Santista, uma das mais antigas entidades sindicais da região. “O desemprego é um fantasma para o trabalhador, um desestímulo à sociedade e enfraquece o sindicalismo em sua luta por melhores salários e condições de trabalho”, diz Fermino.
Diário do Litoral- Como o sindicato está se preparando para as reformas que estão por vir nesse ano, como a trabalhista e previdenciária?
Jorge Caetano Fermino - Estamos debatendo com a categoria com o objetivo de esclarê-la. Recentemente, dia do gráfico, promovemos uma palestra com especialistas. Sempre acreditei na força do trabalhador e sua interatividade com o sindicato como um aval para fortalecimento para a luta por melhores salários e condições de trabalho, mas o desemprego está enfraquecendo essa relação e, por conseguinte, o próprio sindicalismo.
DL- Trabalhador gráfico exerce atividade insalúbre. Essa atividade vem sendo reconhecida no momento de se pedir a aposentaoria especial?
Jorge - Deveria ser, mas não o é. Antigamente era mais fácil buscar esse reconhecimeento. Hoje, a categoria tem enfrentado muitas dificuldades em obter os laudos técnicos e provar o trabalho insalubre que exerce e com isso obter a aposentadoria especial. Temos que recorrer à justiça para obter esse direito, e a espera acaba demorando cerca de cinco a seis anos”.
DL - O Governo pretende, na reforma previdenciária, acabar com a aposentadoria especial de algumas categorias, entre elas a dos gráficos, como o sindicato está reagindo a isso?
Jorge - Somos procurados diuturnamente pelos trabalhadores sobre essa questão. Este ano será muito difícil para o trabalhador diante das reformas trabalhista e previdenciária. Nossa federação e confederação estão mobilizadas com as centrais sindicais para pressionar o Congresso porque se passarem as reformas como pretende o Governo, não sei o que será dos trabalhadores.
DL - Como está a situação do desemprego na categoria?
Jorge - Atualmente, estamos enfrentando uma crise no setor gráfico de jornal e de crescimento no setor da impressão digital. Temos cerca de 800 gráficos em nossa base territorial e a exemplo de outros setores da economia, temos enfrentado dificuldades em manter postos de trabalho, e com implantação da terceirização pretendida pelo Governo, essas dificuldades vão aumentar, por isso estamos atentos às mudanças e nossa federação está mobilizada em Brasília.
Perfil
Jorge Caetano Fermino, nascido em Pariquera-Açú, mas de coração santista, preside o Sindicato dos Trabalhadores Graficos. É pai de Igor, um de seus orgulhos, e lamenta ter pouco tempo para o convívio familiar devido a intensidade da luta sindical, ainda mais agora em ano de reformas trabalhista e previdenciária. Outro orgulho de Fermino é o de sempre ter trabalhado na área gráfica. Aprendeu a profissão na Escola Artesanal de Artes Gráficas no CAMPS – Santos em 1974. Seu primeiro emprego foi na Editora Danúbio e depois na Gráfica Bandeirantes em Santos.
Entrou no sindicalismo , em 1992, no cargo de suplente do conselho da Federação Estadual dos Trabalhadores Gráficos. Em 1996 assumiu a secretaria geral do sindicato. Em 2000 foi eleito presidente.
Está, atualmente, no quarto mandato. Atua também no sindicalismo em níveis estadual e nacional como secretário Estadual da Federação e da Confederação Nacional dos Gráficos.