Aposentado por invalidez é barrado no intermunicipal

José Pedreira da Silva vem há meses tentando renovar sua carteira de portador de necessidades especiais

24 JAN 2017 • POR • 10h00
“Essa situação é constrangedora e humilhante. Os demais passageiros não tem culpa e nem o motorista, pois na verdade ele só está cumprindo ordem”, acredita Silva - Rodrigo Montaldi/DL

Como medir o desgaste psicológico de um portador de necessidades especiais que se vê obrigado todos os dias a lutar para ter um direito constitucional – de ir e vir – facilitado por uma empresa de ônibus? 

Essa é a indagação de quem conhece a realidade do aposentado por invalidez José Pedreira da Silva, de 61 anos, que, desde maio do ano passado, não vem conseguindo renovar sua carteira especial de transporte gratuito e, por isso, revela que só consegue viajar após discutir com os motoristas.

Silva não possui uma perna e anda auxiliado por duas muletas. Ele já tentou renovar a carteira de forma eletrônica e até pessoalmente na Rodoviária de Santos – que possui um boxe da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) - mas, até hoje, não consegue adquirir um documento que deveria ser renovado automaticamente, sem a necessidade de uma pessoa como ele passar por tamanha humilhação.

“Eu já fui na EMTU e disseram que a demora está ocorrendo por conta da mudança da direção administrativa da empresa. Disseram para eu esperar em casa uma carta alertando para a renovação, mas até hoje ela não chegou. Até protocolo de atendimento eu tenho (11009501). Todos os dias, ao subir no ônibus, o motorista impõe dificuldades para me transportar por conta da carteirinha vencida. Já houve casos de eu ter que descer”, afirma o aposentado.  

Polícia

Segundo José da Silva, houve uma ocasião que só conseguiu embarcar após ameaça de chamar a polícia. 
“Essa situação é constrangedora e humilhante. Os demais passageiros não têm culpa e nem o motorista, pois na verdade ele só está cumprindo ordem. Infelizmente, pessoas especiais como eu são referência nas ruas. É ridículo. Onde estão nossos direitos?”, indaga o aposentado, que pretende ingressar com uma ação contra a EMTU. “Não tenho mais condições psicológicas para continuar sofrendo calado”, finaliza.  

EMTU 

Ao ser questionada, a Gerência de Marketing Institucional da EMTU enviou a seguinte resposta por intermédio de sua assessoria: “Já que está intermediando esta demanda, avise ao interessado que deve procurar a BR Mobilidade ou realizar o cadastramento diretamente no site da empresa. Esta solicitação estava na Br Mobilidade na semana passada e o interessado já deve ter sido avisado”.  

A EMTU informou que o caso em questão é de uma pessoa com deficiência que tem mais de 60 anos. A partir dos 60 anos, todos os usuários devem solicitar, em definitivo, o Cartão Sênior, da BR Mobilidade