Telma não quer Agem na Cadeia Velha

Vereadora está indignada com a proposta de transformar a Cadeia em sede administrativa da Agência Metropolitana da Baixada Santista

20 JAN 2017 • POR • 10h30
Durante os anos que permaneceu em funcionamento em Santos, a Cadeia Velha sediou as Oficinas Culturais Pagu que formaram centenas de pessoas da região - Rodrigo Montaldi/DL

“Transformá-la (a Cadeia Velha) num espaço administrativo da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) vai na contramão da ocupação cultural que o processo de revitalização do Centro de Santos tanto precisa”. A afirmação é da ex-prefeita e atual vereadora de Santos Telma de Souza (PT), que usou seu perfil nas redes sociais para manifestar sua indignação com a iniciativa do Estado de transformar o espaço em sede administrativa do órgão.

Telma postou que encaminhou documento à Secretaria Estadual de Cultura solicitando a continuidade da Oficina Cultural Pagu na Cadeia Velha. “É inegável que, com isso, o prédio, de valor inestimável, perca o seu caráter artístico e cultural, no sentido do acesso aos bens culturais por parte da população. O trabalho das Oficinas Culturais Pagu é de resistência que forma e qualifica as expressões artísticas regionais”, postou.

A vereadora revela ainda que se dirigiu ao secretário municipal de Cultura, Fábio Nunes, o Professor Fabião.
“Sei de seu compromisso com a cultura santista e de sua participação na luta para evitar que isso aconteça - o que será possível com a mobilização de toda a sociedade”, acredita a vereadora.

Novo destino

Conforme já noticiado, o Governo do Estado justifica a iniciativa como forma de otimizar custos e usar o prédio para evitar deterioração.

A informação foi transmitida pelo atual secretário de Cultura do Estado, José Roberto Sadek, em coletiva realizada dias atrás. Ele havia adiantado que a Prefeitura tem interesse em assumir o imóvel.

A mudança no destino da Cadeia ocorre praticamente um ano após o anúncio oficial da Secretaria de Cultura do Estado de que o imóvel seria um espaço para incentivo à produção cultural, com atividades de formação nos mais diversos formatos e linguagens.

A decisão havia sido anunciada após duas audiências públicas e diversos protestos da classe artística.

A sede administrativa da Agem ocupará o primeiro andar da Cadeia, enquanto o polo local do Projeto Guri, programa gratuito de formação musical, será instalado no térreo.

Uma sala será de múltiplo uso e outra será dedicada a exposições. Não há garantia de que os grupos artísticos poderão usar o prédio.

Junto ao secretário, o subsecretário de Estado de Assuntos Metropolitanos, Edmur Mesquita, disse que o aluguel do atual espaço onde a Agem está instalada gira em torno de R$ 20 mil.

“Se colocarmos na ponta do lápis são R$ 250 mil anuais que estão sendo gastos com aluguel. Vamos usar esse valor para cuidar da manutenção desse espaço que é referência das mais importantes para a cultura de Santos e região”, apontou.

Mesquita afirmou ainda que a Agem buscará parceria com o setor privado para auxiliar no custeio do espaço.