Consignado despenca com crise de Estados e greve de bancários

As novas concessões de consignado foram de R$ 8,6 bilhões, apontou o Banco Central ontem (26)

27 OUT 2016 • POR • 10h30
O crédito consignado despencou com crise de Estados e a greve de bancários - Divulgação

A crise financeira de Estados e municípios, somada à greve bancária, fez o crédito com desconto na folha de pagamento despencar 24,4% de agosto para setembro. As novas concessões de consignado foram de R$ 8,6 bilhões, apontou o Banco Central ontem (26).

Os empréstimos aos servidores públicos, principais tomadores dessa linha, caíram 22,6% em setembro ante agosto, para R$ 4,9 bilhões.

A restrição na oferta de empréstimos veio da crise fiscal de Estados e municípios, que passaram a atrasar os repasses aos bancos. Isso forçou as instituições a elevar as reservas contra calotes, aumentando o custo do crédito.

"Como os governos não estão pagando, os bancos não rolam a dívida do servidor público como forma de pressão", afirma João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho, que também citou a greve de 31 dias dos bancários como razão para a queda nos empréstimos.

A redução foi ainda maior para beneficiários do INSS, de 28,9%. Esse segmento tem uma das menores taxas de inadimplência de pessoa física, mas bancos menores passaram a temer que o pente-fino nas aposentadorias por invalidez, anunciado pelo governo, pudesse elevar os calotes desse grupo.

Analistas não esperam, porém, que o consignado encolha mais. É a essa linha que bancos recorrem para manter os empréstimos na crise.