‘Não há mais espaço para flexibilização em leis trabalhistas’, diz desembargador

Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani afirmou, durante Encontro da Federação da Saúde em PG, que crises são fabricadas para justificar as demissões

20 OUT 2016 • POR • 10h30
Encontro da Federação dos Trabalhadores na Saúde teve início na última segunda-feira e será encerrado hoje - Divulgação

“Não podemos concordar que cada vez que se fala em crise queiram tirar os direitos dos trabalhadores.” A frase é do diretor da Escola do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – 15ª Região e desembargador federal do Trabalho, Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, na palestra “Negociado sobre o ­legislado”.

Ele é um dos congressistas presentes no 18º Encontro Paulista da Saúde, realizado pela Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo, que teve início na última segunda-feira e se encerra hoje, na Colônia de Férias , em Praia Grande.

Para o desembargador, a proposta de flexibilização nas leis trabalhistas nada mais é do que “uma maneira doce de falar em retirada de direitos”. O tema apresentado por ele não é novidade, uma vez que, segundo Francisco Giordani, esteve em moda em governos passados. Agora, volta à tona sob o argumento de que o País está em crise.

Caso não haja uma reação dos sindicalistas a mais esta investida patronal no bolso do trabalhador e nas conquistas históricas do movimento, o cenário vai ficar numa situação pior. “Muito pior”, reforça o especialista em Direito do Trabalho. “Temos de ter receio pelo que pode vir se não reagirmos à altura.” Ele teme ainda uma situação tão ruim a ponto de o trabalhador ser impedido de poder ­falar.

Na palestra, para cerca de 200 sindicalistas da área da saúde, o desembargador falou que crises “podem ser fabricadas” para justificar demissões de trabalhadores. Uma crise “feita deliberadamente” seria o argumento para impedir avanços sociais. “Crise e capitalismo sempre estiveram juntos”, diz Giordani.

Sindicalista pede mais mobilização nas ruas contra fim da CLT

Canindé Pegado, secretário da UGT, também presente no 18º Encontro, em Praia Grande, diz que o movimento sindical se encontra em situação de desvantagem para defender os direitos trabalhistas e pede mais mobilização neste período de desmonte da CLT.

“É sempre importante enfatizar que os patrões são contra nós, os banqueiros são contra nós, os grandes jornais estão contra nós, o governo é contra nós, o Congresso Nacional é contra nós e isto faz com que os próprios trabalhadores se virem contra o movimento sindical.

Isto não pode continuar assim, pois os sindicatos são as únicas armas do trabalhador contra o abuso, contra o desemprego e contra esta onda de terceirizações que está arruinando a vida do assalariado”, diz.

Ele enfatiza que, recentemente foi feita uma reunião com oito centrais sindicais, onde foi definido o que será feito a partir de agora. “Vamos pra ruas defender o povo e precisamos do apoio do trabalhador para isso”.