Temer diz que culpa pela crise não é sua e defende ajuste fiscal

O peemedebista enumerou dados para descrever a situação que encontrou ao substituir Dilma

1 OUT 2016 • POR • 19h02
O presidente apontou o desequilíbrio nas contas do governo como a origem da crise - Beto Barata/Presidência da República

O presidente Michel Temer fez nesta sexta (30) uma defesa enfática das medidas que propôs para equilibrar as contas do governo e voltou a culpar a herança recebida da ex-presidente Dilma Rousseff pela crise que o país atravessa.

Num discurso para empresários em São Paulo, o peemedebista enumerou dados para descrever a situação que encontrou ao substituir Dilma, disse que o país vive "a pior crise de sua história" e que os gastos do governo se tornaram uma "bola de neve".

"Vou cansá-los com dados para que daqui a dois, três meses não digam que o passivo é nosso", afirmou Temer durante o evento, organizado pela revista "Exame". "Chegamos a quase 12 milhões de desempregados. E reitero que não foi culpa minha."

O presidente apontou o desequilíbrio nas contas do governo como a origem da crise. "A causa é basicamente interna e fiscal", declarou. "O Estado endividou-se muito além de sua capacidade, e gerou recessão e desemprego."

Temer apresentou ao Congresso proposta de emenda constitucional que congela os gastos públicos por pelo menos nove anos, período em que o crescimento das despesas do governo ficaria limitado à correção pela inflação.

Comissão especial criada pela Câmara dos Deputados deve colocar a proposta em votação na próxima semana. Para a medida entrar em vigor, ela terá que passar por duas votações na Câmara e duas no Senado depois disso.

O governo promete enviar depois uma proposta de reforma da Previdência, para conter a expansão dos gastos com aposentadorias e pensões, principal fonte do deficit do governo, que deve atingir R$ 170,5 bilhões neste ano.

No discurso aos empresários, Temer disse que o teto dos gastos é necessário para "nos imunizarmos contra o populismo fiscal" e evitar a volta da inflação, o crescimento da dívida pública e uma recessão mais profunda do que a atual –"a falência do Estado brasileiro", disse.

Em defesa da reforma da Previdência, Temer afirmou que, sem mudanças como as propostas pelo seu governo, até ele correrá o risco de ficar sem o benefício no futuro. Temer aposentou-se como procurador do Estado de São Paulo em 1996, aos 55 anos.

"Daqui a seis, sete anos, quando eu, aposentado, for ao governo para receber o meu cartão, o governo não terá dinheiro para pagar", disse Temer. "Em dado momento não haverá mais dinheiro para pagar o aposentado."

O governo propõe idade mínima de 65 anos para aposentadoria e exigência de pelo menos 25 anos de contribuição, entre outras mudanças. Se o Congresso aprová-las, muitos trabalhadores terão que trabalhar mais para se aposentar e alcançar benefícios equivalentes aos atuais.

O presidente disse que "os números não fecham" e que o objetivo é oferecer uma proposta que dê sustentabilidade ao sistema no longo prazo.

"Não vamos violar direitos adquiridos coisa nenhuma", afirmou Temer. "Estamos construindo uma fórmula pela qual os direitos já consolidados possam ser mantidos, mas aqueles que não completaram o direito possam submeter-se a nova regra."