Para Gilmar Mendes, único "tropeço" do impeachment foi fatiar votação

O ministro Ricardo Lewandowski classificou o processo como "um tropeço da democracia"

30 SET 2016 • POR • 04h30
Gilmar Mendes voltou a criticar a atuação do ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski - Agência Brasil

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Gilmar Mendes, voltou a criticar nesta quinta-feira a atuação do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski no dia da votação no Senado do afastamento definitivo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Nesta quarta (27), falando a alunos de uma faculdade em São Paulo, Lewandowski classificou o impeachment como "um tropeço da democracia". Instado a comentar a análise do colega, Mendes foi incisivo.

"Eu acho que o único tropeço que houve foi aquele do fatiamento (da votação do afastamento), no qual acho que teve contribuição decisiva do presidente do Supremo (Lewandowski)", afirmou Mendes.

O presidente do TSE se referiu à decisão do colega de separar a votação em duas. Na primeira, os senadores decidiram pelo afastamento da petista. Na segunda, porém, a Casa estabeleceu que, apesar do impeachment, dele terias seus direitos políticos assegurados.

Tropeço

A declaração de Lewandowski foi registrada pela revista "Caros Amigos", que publicou uma gravação de trechos de uma aula que o ministro deu na Faculdade de Direito da USP, da qual é professor titular.

Lewandowski, que presidiu o julgamento da ex-presidente no Senado, fazia considerações sobre a participação popular na democracia brasileira quando passou a falar sobre a deposição da petista.

"[Esse impeachment] encerra novamente um ciclo daqueles aos quais eu me referi. A cada 25, 30 anos, no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia", afirmou.

O ministro disse que o modelo do presidencialismo de coalizão, com a existência de vários partidos políticos -hoje, são 35 registrados no Tribunal Superior Eleitoral- culminou no processo que cassou a petista.