ONG transfere sede de trabalho para rua no Centro de Santos

Com dificuldades financeiras, ONG Sem Fronteiras não consegue pagar há 60 dias o aluguel do galpão onde está instalada

29 SET 2016 • POR • 10h30
Recicladores fazem trabalho em via pública, na esquina da Rua da Constituição com a Rua General Câmara, no Centro - Rodrigo Montaldi/DL

Na esquina da Rua da Constituição com a Rua General Câmara, no Centro de Santos, montanhas de papelão e garrafas estão empilhadas desde a noite da última terça-feira (27). Longe de serem considerados produtos descartáveis, o material é fonte de renda e escape para aproximadamente 60 pessoas que trabalham e colaboram com a ONG Sem Fronteiras, organização não-governamental sem fins lucrativos localizada em Santos e que atua há seis anos na área da reciclagem e inclusão social.

Com dificuldade financeira e sem apoio, há 60 dias a ONG não consegue arcar com o aluguel do espaço onde está localizada. A saída para que os beneficiados continuem atuando no trabalho foi alocar os materiais na rua e fazer ali mesmo o serviço. A maior parte dos recicladores são pessoas em situação de rua, dependentes químicos e pacientes do Núcleo de Apoio Psicossocial (NAPS).

A ONG funciona com a compra e revenda de materiais recicláveis. Os produtos são levados por catadores de materiais até a sede da cooperativa ou coletados pela própria instituição nas ruas e empresas particulares. Todos os materiais são revendidos e o lucro obtido paga a ajuda de custo aos recicladores e o aluguel do espaço.

Os trabalhadores atuam em duas frentes: produção geral e produção flutuante. A primeira é formada por trabalhadores com horários fixos. A segunda é oriunda da população em situação de rua, que apenas leva os materiais até a ONG e não cumpre horários. A partir do momento em que as pessoas começam a ter compromisso e responsabilidade, passam a integrar a produção geral.

Espaço

A instituição ­busca apoio da Prefeitura de Santos para a cessão de um galpão, nas imediações do cemitério do Saboó, para fazer a triagem dos materiais.

A ONG foi parceira da Prefeitura no projeto da recicleta, apresentado no começo deste ano pela Secretaria de Meio Ambiente de Santos. Com o objetivo de substituir as carroças do sistema de reciclagem de Santos por triciclos, a recicleta tem capacidade para 150 quilos e mede, ao todo, quatro metros.

Retorno

A Prefeitura de Santos informou, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), que o projeto de recicletas apresentado pela ONG Sem Fronteira foi aprovado e R$ 200 mil serão liberados até o final do ano para a aquisição dos equipamentos, treinamento, EPI’s e seguro.

Além disso, a ONG solicitou autorização para atuar na Coleta Seletiva, o que foi permitido por meio da assinatura de um Termo de Cooperação que possibilitou a regularização da coleta.

Sobre o terreno indicado, destaca que o mesmo está em uma área da União cedida para a Prefeitura e que tenta acordo com a SPU com o objetivo de solucionar o impasse para depois a proposta de uso ser ­analisada.