Haddad terá de enfrentar desgaste de seu partido

Haddad oficializa sua candidatura na manhã deste domingo (24) ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

23 JUL 2016 • POR • 23h30
Haddad oficializa sua candidatura na manhã deste domingo (24) ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Divulgação

Tendo as ciclovias como marca de sua administração, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), dependerá bem mais que do equilíbrio sobre duas rodas na disputa municipal. Ele precisará se equilibrar entre a dependência do PT e o desgaste que a sigla causa.
 

Haddad oficializa sua candidatura na manhã deste domingo (24) ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas sem a presença da presidente afastada Dilma Rousseff. Convencido de que a peemedebista Marta Suplicy é hoje seu principal obstáculo para chegar ao segundo turno, o candidato também pretende reivindicar para o PT a autoria de obras implementadas pela ex-companheira à frente da prefeitura (2001-2004).

Haddad deu largada à estratégia em recente reunião com militantes do partido. Afirmando que sua administração bateu recorde de oferta de vagas em creches, ele lembrou que o segundo melhor índice aconteceu no governo de Marta.

Mas ressalvou: "Desculpe a sinceridade. Mas esse recorde não é da Marta. É nosso. É do PT [...] Se hipoteticamente eu deixasse o PT, levaria o ProUni comigo?", perguntou, em referência ao programa de bolsas universitárias que implantou quando ministro da Educação.

Citando a candidata do PSOL, a também ex-petista Luísa Erundina, Haddad argumenta que ela e Marta não poderiam cumprir suas promessas de campanha sem o suporte do PT. "Nem as outras companheiras que deixaram o PT vão conseguir elaborar o que nós, coletivamente, vamos conseguir elaborar", repete.

Esse discurso é dedicado à militância. Temendo perda de simpatia na classe média, o prefeito focará a campanha na administração da cidade.

Em dezembro de 2015, Haddad assistiu a todos os capítulos da propaganda eleitoral de 2012, quando se elegeu. De rádio e TV. E, em suas conversas, ele promete mostrar, na campanha, que cumpriu as promessas.

Haddad se diz vítima da imprensa, a qual chama de despudorada. E, aos petistas, promete superar o alto índice de rejeição (45%) após o início do programa de TV.

Sua campanha se assentará na ideia de mobilidade, apresentando o governo como um projeto para o futuro.

O candidato também investirá no argumento de que a cidade enfrentou a crise econômica. E, sem ele, "esta cidade estaria que nem o Rio de Janeiro". Sua aposta é na juventude como um agente capaz de "arrastar a cidade".

Haddad programa uma série de atividades de Lula na periferia de São Paulo na tentativa de desidratar Marta e Erundina.

A necessidade de dosagem de discurso em tempos de Lava Jato é expressa na montagem da equipe de campanha. A estrutura contempla todas as tendências do partido, incluindo secretários do governo Marta, como Cida Peres e Jilmar Tatto.

Apesar da demonstração de confiança, Haddad montará um conselho de ética para fiscalizar todas as despesas e fontes de receita de sua campanha.

Com dificuldades para arrecadação de recursos, o prefeito ainda não concluiu a montagem de sua assessoria. Aos petistas, diz que se necessário escreverá seus próprios discursos.

Aliados temem que, assim, derrape na curva.