Descaso e falta de manutenção ameaçam imóveis tombados

Sem conservação eficiente, equipamentos sofrem com a ação do tempo na Baixada Santista

23 MAI 2016 • POR • 11h30
Edificações de importante caráter histórico estão depredadas e sem conservação na Baixada Santista; Hospedaria dos Imigrantes, construída em 1912, está abandonada - Matheus Tagé/DL

A história de uma região pode ser contada sob diversas óticas, sendo uma delas por meio de edificações que trazem em sua estrutura vestígios de uma arquitetura passada. Para preservar um bem de interesse coletivo de ser destruído, demolido ou desfigurado, alguns desses imóveis são tombados por conselhos de defesa específicos. No entanto, se o tombamento visa a proteção contra possíveis intervenções estruturais, não consegue garantir a preservação efetiva do equipamento contra a ação do tempo e a omissão do poder público.

Abandonados e constantemente depredados, alguns imóveis tombados na Baixada Santista reforçam a situação. É o caso da Hospedaria dos Imigrantes, localizada na Vila Nova. Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), o imóvel construído em 1912 com o objetivo de hospedar os imigrantes que chegavam ao porto santista, está esquecido.

No início de 2015 a Prefeitura de Santos firmou contrato com o Centro Paula Souza para que o imóvel abrigasse, após amplo processo de restauração, uma unidade da Faculdade de Tecnologia Rubens Lara (FATEC). No entanto, após o empenho de R$ 4,9 milhões, a proposta ainda não saiu no papel e o imóvel segue abandonado.

Tombado à nível estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) e à nível municipal pelo Condepasa, o Outeiro de Santa Catarina, cujo sítio remanescente remonta à fundação de Santos, está com as paredes externas vandalizadas.

A mesma situação acontece no Teatro Coliseu, espaço que ficou fechado por 10 anos para reforma, de 1996 a 2006. Em 2013 o equipamento passou novamente por manutenção. No entanto, após o término dos serviços, o teatro voltou a apresentar problemas de infiltração.

A Casa da Frontaria Azulejada, tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), pelo CONDEPHAAT e Condepasa, também apresenta problemas estruturais.

Construída em 1865, o prédio, com dois pavimentos, ficou conhecido por sua fachada de influência neoclássica. Após o tombamento, em 1973, o imóvel ficou abandonado e semidestruído, sem o teto e o piso superior. A recuperação da fachada e a recolocação dos azulejos aconteceu em 1992. Atualmente, a área externa do imóvel está danificada. Na área interna, paredes e teto estão com infiltrações que dificultam o funcionamento do espaço em dias de chuva.