Novo acidente questiona segurança na Região

Gás Metil Mercaptano vazou durante operação em uma das linhas do terminal

19 MAI 2016 • POR • 08h00
Moradores de Santos, São Vicente e Cubatão sentiram forte odor, semelhante ao de gás de cozinha; empresa garante que o incidente não causou riscos para a população - Rodrigo Montaldi/DL

A segurança na Baixada Santista foi novamente colocada à prova na noite desta terça-feira (17). Um vazamento de gás Metil Mercaptano (odorizante utilizado para dar cheiro ao GLP, que é inodoro) durante operação em uma das linhas do Terminal da Transpetro na Alemoa assustou os moradores. Essa foi a quinta ocorrência do gênero registrada em menos de um ano e meio na Baixada Santista.

A empresa garantiu que o incidente não causou riscos para a comunidade. No entanto, moradores de Santos, São Vicente e Cubatão reclamaram do forte odor, semelhante ao do gás de cozinha.

De acordo com o técnico de iluminação Alessandro Cruz, que estava em um ônibus fretado vindo de São Paulo às 22h, o cheiro forte incomodou os passageiros, mesmo com todas as janelas fechadas no veículo.

“Quando o ônibus parou na entrada da cidade o cheiro tomou conta do espaço e muitas pessoas começaram a tossir. Li que a orientação era fechar portas e janelas, mas estávamos assim e sentimos os incômodos. É uma vergonha tantos acidentes em um curto espaço de tempo. Isso aqui está parecendo Chernobyl”, relatou Alessandro.

A Prefeitura de Santos disse, por meio de nota, que a Defesa Civil foi acionada para apurar o cheiro de gás na cidade e constatou tratar-se de um serviço de manutenção da empresa Transpetro, situação que foi rapidamente controlada, sem a necessidade de intervenções. Nenhum paciente deu entrada nas Unidades de Saúde do Município com queixas relacionadas ao vazamento de gás.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) atendeu a ocorrência e disse que o problema na tubulação foi resolvido ainda na noite de terça-feira e que não há mais registro de odores na região.

Questionada sobre as medidas tomadas para garantir mais segurança nas operações e evitar acidentes, a CETESB não se posicionou.

Baixada já registrou cinco ocorrências desde 2015

Em dezesseis meses, esse foi o quinto acidente registrado em indústrias da Baixada Santista. Os impactos das ocorrências anteriores prejudicaram os moradores da região e também causaram danos significativos para o meio ambiente.

Parte do Polo Industrial de Cubatão precisou ser evacuado após o vazamento de dióxido de enxofre (SO2) da fábrica de fertilizantes Anglo American Fosfatos Brasil, em janeiro de 2015. O vazamento propiciou a formação de uma chuva ácida que causou danos na vegetação da área atingida.

Em abril do ano passado um incêndio atingiu seis tanques de combustíveis da empresa Ultracargo, em Santos. A empresa foi multada por lançar efluentes líquidos no estuário de Santos, em manguezais e na lagoa contígua ao terminal, e emitir efluentes gasosos na atmosfera, além de provocar a mortandade de milhares de peixes. 

Em janeiro de 2016 a Localfrio S.A. Armazéns Gerais Frigoríficos emitiu poluentes (gases tóxicos) na atmosfera, em decorrência de um incêndio em contêineres com produtos químicos no Guarujá. Os poluentes atingiram áreas residenciais, comerciais, industriais e portuárias nos municípios de Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão, tornando o ar impróprio, nocivo e ofensivo à saúde.

Em março, a  Petrobras Transporte S/A – Transpetro foi responsável pelo vazamento de petróleo no rio Cubatão, em Cubatão. O acidente provocou a paralisação da Estação de Tratamento de Água da Sabesp, que é responsável pela distribuição de água em pelo menos metade da Baixada Santista, além da emissão de substância odorífera na atmosfera, principalmente no bairro Jardim Costa e Silva, provocando incômodos ao bem estar público.