Editorial: A Santos que a Grande Rio não viu

Ignorou a escola que Santos foi, no século passado, um dos principais pontos de desfiles de carnaval do Brasil

10 FEV 2016 • POR • 21h23
A Grande Rio terminou em sétimo lugar no Carnaval 2016 - Agência Brasil

Passado o desfile, contabilizadas as notas, proclamado o resultado, somadas as críticas, inclusive, aquelas citadas 'ao vivo' ao Samba durante a transmissão, a homenagem à Santos feita pela escola Grande Rio não foi de toda perdida, pois, bem ilustrou o gramado da Vila Belmiro, as xícaras, pires e pratos movimentados pelo Porto de Santos, o maior da América Latina, os rallies da estrada de Santos, com direito à “brasília amarela” e Roberto Carlos cover, sem contar as ausências de Neymar e Pelé, que supostamente seriam a expressão máxima da cidade.

Talvez melhor sorte coubesse à Grande Rio se por acaso tivesse lembrado dos canais de Saturnino de Brito, da Igreja do Monte Serrat – padroeira da Cidade –, de Brás Cubas - fundador da Vila de Santos –, das Fortificações que protegeram a cidade das invasões de piratas holandeses, dos grandiosos e internacionalmente conhecidos jardins da orla da praia – os maiores do mundo –, da vida sindical intensa e do navio Raul Soares que, durante a ditadura, serviu de prisão flutuante e ceifou diversas vidas, do tamboréu, marca registrada da cidade, da Bolsa do Café, cujo prédio dispensa comentários, da Rua XV de Novembro, das Palmeiras plantadas pelo Imperador, e em se tratando de esporte, dos grandiosos Jabaquara e Portuguesa Santista, além das intermináveis partidas de dominó na praia.

Ignorou a escola que Santos foi, no século passado, um dos principais pontos de desfiles de carnaval do Brasil, com a participação de agremiações da Capital e até do Rio de Janeiro.

Acusada de “bairrista”, a população local sempre vislumbra a Cidade como a 'apoteose' do bem viver, e devemos reconhecer que a cidade tem sim as suas mazelas, mas, há que se concordar que a frustração com o resultado daquilo que se viu na avenida não merece comentários outros que não aqueles que dominaram as redes sociais, ou seja, não se enxergou ali a sua cidade, a Cidade dos “Santistas”.