Protesto de servidores provoca caos no trânsito de São Vicente

Cerca de 300 pessoas participaram do ato reivindicando melhorias para o funcionalismo. Os manifestantes seguiram até a Caixa de Saúde e Pecúlios, cobrando a saída do superintendente

7 NOV 2015 • POR • 10h51

Rafaella Martinez

Funcionários públicos de São Vicente protestaram na manhã de ontem contra a administração do prefeito Luis Cláudio Bili (PP). O escalonamento do pagamento de salários atrasados e a falta de recurso para a Caixa de Saúde e Pecúlio dos Servidores Municipais de São Vicente estavam na pauta da manifestação, que provocou um caos no trânsito da região.

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O protesto começou às 6h30, na Avenida Ayrton Senna da Silva, sentido Santos. Mesmo debaixo de chuva, cerca de 300 servidores municipais da cidade bloquearam parte da avenida com carro de som, bexigas pretas e cartazes.

Viaturas da Polícia Militar e agentes de trânsito acompanhavam o ato, que por volta das 7h20 conseguiu fechar todas as faixas de trânsito da avenida, fazendo com que muitas pessoas descessem dos ônibus e seguissem a pé pela orla da praia até Santos. A manifestação, que entoava frases como “Servidores na rua, prefeito, a culpa é sua” e “Chega de descaso, sou servidor, não sou palhaço” teve apoio de boa parte da população, que acenava e aplaudia de dentro dos coletivos e dos prédios.

A professora Carmem Silvia era uma das manifestantes que bloqueavam a Avenida Ayrton Senna. “Não sou sindicalizada, mas vim para manifestar a minha preocupação com São Vicente. A Cidade está abandonada, cheia de lixo e buracos. Não estou aqui só pelo meu salário, que não caiu”.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Vicente (SindservSV), José Raimundo da Silva, cerca de 50% dos servidores do Município estão em greve. “O movimento teve início na última terça-feira (3) e até agora não recebemos nenhum posicionamento por parte do prefeito. A Administração não dá um passo para tentar resolver junto com o sindicato os problemas dos servidores”.

Por volta das 8h45, os manifestantes seguiram pela avenida da praia, sentido São Vicente, passando pela Avenida Presidente Wilson e Rua Rangel Pestana, até pararem em frente à Caixa de Saúde e Pecúlios. No local, eles cobraram a saída do superintendente, o médico Hélio da Costa Marques e a aplicação do repasse de R$ 2,4 milhões que teriam sido depositados nos últimos 40 dias para o órgão.

O professor André Zeferino reclamou da situação da saúde no Município. A mãe dele é pensionista e não conseguiu atendimento médico especializado e autorização para fazer hemodiálise, pois unidades de saúde conveniadas com a Caixa de Pecúlios não estão atendendo devido à falta de pagamento.

“Nós precisamos entrar com uma liminar na Justiça para que ela pudesse ser atendida pelo SUS e hoje ela está internada na UTI da Santa Casa em estado gravíssimo. Espero que com essa mobilização mais vidas não sejam perdidas em virtude do despreparo desse governo”, desabafou o servidor.

O auxiliar administrativo Gabriel Nogueira também carregava um cartaz questionando o prefeito. “Vim em solidariedade aos colegas que estão há três meses sem receber e outros tantos que estão desamparados, precisando urgentemente de assistência médica. A questão do escalonamento do pagamento foi o estopim para a revolta do funcionalismo contra a má administração do prefeito”.

Prefeitura garante pagamento

Questionada, a Prefeitura de São Vicente afirmou que está se esforçando para cumprir o escalonamento, como foi previamente anunciado ao sindicato da categoria. Esta medida foi tomada diante da insuficiência de caixa para depositar os salários de forma integral no último dia útil de outubro.

De acordo com a Prefeitura, até o momento 65% dos servidores receberam os salários. A previsão para o pagamento do restante é na próxima terça-feira, dia 10.

Reflexos no trânsito

O congestionamento causado pelo protesto na orla do Itararé durou cerca de uma hora e meia e atingiu outras vias da região. Em São Vicente, a fila de veículos foi até a Avenida Capitão Luiz Pimenta, no Parque Bitarú, trazendo impactos para quem vinha de Praia Grande. A Linha Vermelha e o Centro da Cidade também registraram lentidão.

Quem tentou desviar do trânsito seguindo pelo Centro de Santos, via Avenida Nossa Senhora de Fátima ou pelo Morro da Nova Cintra também encontrou congestionamento. O trânsito ficou lento nos locais entre 8h20 e 10 horas.