O ‘mágico’ Caminho de Santiago de Compostela

A Associação Amigos do Caminho de Santiago de Santos promove a 1a Semana de Santiago para divulgar a viagem

2 MAR 2013 • POR • 20h42

Cinco caminhos levam ao mesmo destino. A caminhada é longa, cerca de 800 km, em cada um dos trajetos, que podem ser feitos a pé, a cavalo ou de bicicleta. Cada peregrino com o seu propósito embrenha-se pela estrada que ensina, leva a reflexão, ao bem-estar, à solidariedade e ao reencontro com a espiritualidade.

Na bagagem, uma mochila leve nas costas e um espírito ávido pelo conhecimento, pela cultura e belezas históricas da Espanha, num primeiro momento. Mas, na busca pelos atrativos locais, cada peregrino desvenda o desconhecido mundo em si mesmo. O destino é a cidade de Santiago de Compostela, no extremo oeste da Espanha. Hoje é o dia deste santo, apóstolo contemplado na Espanha, que atrai multidões pela fé no crescimento espiritual.

A Associação Amigos do Caminho de Santiago/Santos realiza até sexta-feira a 1a Semana de Santiago para promover o passeio. As credenciais aos peregrinos que seguirão o Caminho de Santiago foi distribuída na abertura da semana, na última segunda-feira à noite, em um coquetel, na Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, na Ilha de Santo Amaro.

“O caminho é mágico. O caminho fala ao coração”, declarou a presidente da Associação Amigos do Caminho de Santiago, Marcina Celeste de Souza, que fundou a associação há um ano para divulgar o passeio na Região e incentivar as pessoas para que o façam.

Em 2005, Marcina fez o trajeto a partir da França com destino à Santiago de Compostela, e desde então sua vida mudou. “No caminho não existe solidão. A busca da interiorização faz com que passemos a olhar o mundo com outros olhos. Conhecemos várias pessoas durante o percurso, fazemos amizades e não importa quem é quem”, disse ela, destacando que um homem muito rico e poderoso se tornou amigo de um ex-presidiário.

As experiências vividas pelos peregrinos são tão surpreendentes que dois deles resolveram contá-la em livro. As noites de autógrafos do engenheiro, Leon Max Nahon, que escreveu ‘Não há sombras no caminho’ e da jornalista Lilian Joppert, autora de ‘Vivências do Caminho de Santiago’ foram ontem e seguem hoje, na livraria Realejo, no Gonzaga, a partir das 19 horas. 

Leon é vice-presidente da Associação Brasileira dos Amigos de Santiago (AACS-Brasil, sede no Rio de Janeiro) e já fez o caminho sete vezes. Este é o segundo livro que publica. O primeiro foi ‘Máscaras, vendas e véus’. Em ambos os textos, ele emprega metáforas para contar o que denomina como “uma experiência sensorial diferente”.

“Em cada viagem que fiz, vivi uma experiência nova. É uma entrega interior que vale por dez anos de análise”, afirma. “O caminho chama a gente. Não é por acaso que nos interessamos em fazê-lo”, acredita Lilian que já fez a viagem quatro vezes, sempre por percursos diferentes. ”Foi um marco na minha vida. Melhorei como pessoa e aprendi a tolerar e a ser solidária. Fiz várias vezes o caminho para renovar minhas esperanças num mundo melhor”. A jornalista conta suas viagens na obra que chama de diário de caminhada.

Leon e Lilian dizem que o caminho é duro, cansativo, mas que a aventura é tão envolvente que até esquecem as dores nas pernas, ao caminhar ao lado de pessoas de nações, culturas, religiões e classes sociais diferentes.

Amanhã será realizada a Noite da Cultura, às 20 horas, no Teatro Municipal, com apresentação do conjunto Essência Musical, Corpo de Dança Flamenca, grupo Caminhos de España e Gaitas Galegas. Já a Orquestra Sinfônica de Santos encerra a 1a Semana de Santiago, às 20 horas, na Igreja Coração de Maria, na sexta-feira.