Comissão de Segurança vai investigar acidente no Sambódromo

Banha, Santana e Stanislau vão investigar, paralelamente à Polícia, a causa e apurar responsáveis pela tragédia na Passarela do Samba Dráusio da Cruz

15 FEV 2013 • POR • 15h30

A Comissão Permanente de Segurança Pública e Defesa Civil da Câmara de Santos, formada pelos vereadores Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB), Sérgio Santana (PTB) e Evaldo Stanislau (PT), vai investigar, paralelamente à Polícia, a causa e apurar os responsáveis pela tragédia ocorrida na madrugada da última terça-feira (12), na Passarela do Samba Dráusio da Cruz, que causou a morte de quatro pessoas e feriu mais cinco.

“Na próxima sessão, a comissão irá solicitar uma série de informações para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Secretaria de Cultura, Bombeiros, Polícia Civil e outros órgãos, para acompanhar as investigações de perto. Queremos saber tudo que ocorreu no desfile”, afirma Banha, presidente da Comissão, acompanhado de Sérgio Santana.

Ambos acreditam que há controvérsias no episódio e pretendem, ao final da apuração, apresentar um trabalho na Casa, visando criar ferramentas para endurecer a legislação com relação a eventos públicos de grande circulação de pessoas, como o Carnaval.

“A Prefeitura repassa verbas para as escolas de samba e para a organização e, neste sentido, o Carnaval tem que ser um evento profissional e não amador. E o item segurança é prioritário”, afirma Banha.

Crianças

O vereador Sérgio Santana defende uma maior atenção com relação à segurança de crianças nos desfiles. Vale lembrar que 22 crianças, junto com o ex-jogador Coutinho, desceram do carro momentos antes do acidente.

“Vamos solicitar dos órgãos relacionados à infância e adolescência, das escolas de samba e dos pais as autorizações que permitiram o desfile das crianças. Vamos também estudar a legislação com relação a participação de menores e com relação à estrutura e documentação dos carros alegóricos”, disse.

Os vereadores disseram que já foram acionados pela mãe de uma das vítimas, que quer cobrar responsabilidades sobre o acidente. “Precisamos saber se a CET deveria acompanhar os carros do barracão até o sambódromo. Enfim, ver qual a responsabilidade de cada órgão envolvido. Se preciso for, convocaremos todos os responsáveis”, completa Banha.

Investigações prosseguem

Conforme publicado ontem pelo DL, a Polícia começou a ouvir pessoas relacionadas ao episódio. Duas das quatro vítimas fatais do acidente Ludenildo da Silva Militão e Leandro Monteiro não deveriam estar no sambódromo. Eles estavam sob regime de prisão albergue domiciliar por roubo.

O delegado do 5º Distrito Policial de Santos, João Octávio Almeida Ribeiro de Mello, responsável pelas investigações, disse que eles não poderiam estar na rua por terem sido presos em flagrante e condenados em São Vicente. “Eles tinham que estar em casa, como se estivessem na prisão, no entanto estavam pulando carnaval em Santos”.

O perito criminal Manoel José Gomes Costa está solicitando complementação dos exames periciais. Ele quer o projeto e o memorial descritivo de toda a estrutura do veículo, relacionando as medidas de segurança na montagem, o responsável pelo projeto e o termo de vistoria do carro.

João Octávio Mello disse que o laudo deve estar pronto em 10 dias e adiantou que a barra de direção não estava quebrada e que o carro alegórico não possui freio e não permite visão ao condutor.

O delegado acredita que a atitude da Prefeitura de Santos, em retirar 34 braços de iluminação — que possuem seis metros de altura — do canteiro central da avenida, permitindo a passagem dos carros alegóricos, pode ter sido um erro.

“As hastes, por serem mais baixas que os carros, atrapalham a circulação dos veículos e fazem com que eles permaneçam no centro da pista. A haste serve como guia. Sem ela, os carros ficam sujeitos a contato com as caixas de alta tensão”.

O acidente

Três integrantes da Escola de Samba Sangue Jovem, do Santos Futebol Clube, que conduziam o carro, e uma mulher que assistia ao desfile morreram eletrocutadas. A espectadora (Mirela Diniz Garcia) chegou a ser levada para o Pronto-Socorro da Zona Noroeste, mas não resistiu.

O fogo no carro começou logo após a alegoria bater nos fios, já na dispersão. O sambódromo ficou às escuras e centenas de casas do entorno também. Os desfiles foram cancelados.

Por volta das 2h40, os organizadores do Carnaval anunciaram ao público que não haveria mais desfiles na noite. Após o anúncio, milhares de pessoas que ainda estavam no sambódromo se deram as mãos e fizeram um minuto de silêncio.

A decisão de interromper o desfile foi tomada em uma reunião com todos os presidentes das escolas de samba do grupo especial e o prefeito Paulo Alexandre Barbosa, que decretou luto oficial por três dias e cancelou a programação carnavalesca. O outro rapaz que conduzia o carro era Wictor Ferreira.