Aids depois dos 50 atinge maior índice no Estado

Mas, taxa de incidência por 100 mil habitantes se mantém estável na década

9 FEV 2013 • POR • 21h09

Há sete dias do Dia Mundial de Combate à Aids, o Ministério da Saúde, veiculou na TV, campanha nacional voltada exclusivamente para pessoas com mais de 50 anos de idade. O intuito é conscientizar esse público, que hoje está mais vulnerável à epidemia do que os adultos mais jovens e homossexuais.

Balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde aponta que os casos notificados na população com mais de 50 anos, no primeiro semestre deste ano, correspondem a 15% do total de portadores do vírus HIV, no Estado. Em todo o ano de 2007, foram registrados 737 doentes (15,06%) nesta faixa etária. Deste total, 61,2% são homens.

O levantamento deste ano é o maior registro histórico de casos nessa população desde 1982, quando o primeiro caso foi notificado no Estado.

Embora o percentual de pessoas com mais de 50 anos tenha atingido a maior alta em 26 anos, a médica infectologista do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT-DST/Aids) do Estado, Eliane Souza Fonseca, afirma que a taxa de incidência por 100 mil habitantes se mantém estável na última década.

A médica aponta que no ano passado havia 12 pessoas acima dos 50 anos com a doença num universo de 100 mil. Em 1998 os infectados somavam 22 por 100 mil habitantes.

Eliane alerta que hoje “todo mundo está suscetível à aids” e as pessoas com mais de 50 anos, precisam entender que também são um grupo de risco e, por isso, devem se prevenir fazendo uso de preservativos nas relações sexuais. Eliane disse ainda que os mais velhos precisam mudar a mentalidade de que a aids é a “peste gay”. 

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a transmissão entre heterossexuais representa 65,9% do total de infectados pelo vírus da aids, seguida pelos homossexuais, com 5,6%, e pelos bissexuais, com 4,5%. Entre as mulheres, a categoria de exposição heterossexual chegou a representar 83,6% do total de infectadas.

Eliane observa que as regiões de São Paulo e Belo Horizonte são as que apresentam maior taxa de incidência de contaminação por HIV. “São as regiões que oferecem mais programas de sociabilização entre os idosos como os centros de convivência, clubes da terceira idade, então eles namoram mais. Eles estão mais ativos”.

Sobre a resistência do uso de preservativos pelos mais velhos, Eliane explica que além da falta de hábito há outro implicante: a flacidez do órgão genital masculino. “Por isso orientamos a mulher acima dos 50 anos a usar os preservativos femininos. Desse modo ela vai estar se prevenindo e o seu parceiro também”. “A única vacina contra a aids é o uso do preservativo. A transmissão ocorre mais pela relação sexual do que por uso de drogas”.

No País

O Ministério da Saúde alerta que a incidência de casos na terceira idade cresceu entre 1996 e 2006 de 441 para 1.113 — um aumento de 152% de novos casos diagnosticados, em dez anos.

Eliane explica que em muitos casos, a contaminação ocorre antes de a pessoa ter 50 anos, mas o diagnóstico tardio acaba ocorrendo porque os sintomas aparecem de sete a dez anos após a contaminação.