Papo de Domingo: "Essa reforma da concha é uma farsa"

A frase, do produtor musical e audiovisual Victor Panchorra, há 15 anos dono do Estúdio Noname, reflete a revolta de dezenas de músicos

1 FEV 2015 • POR • 10h00

Com 15 anos de estrada, produzindo dezenas de bandas santistas, o produtor musical Victor Panchorra reflete a indignação dos músicos com relação às restrições impostas ao uso da Concha Acústica quanto a instrumentos de percussão, como bateria, bumbos e surdos (inclusive os sinfônicos). Amanhã, o Diário do Litoral publica a versão do secretário de Cultura de Santos, Fábio Nunes, o professor Fabião.

Diário do Litoral – Você participou da maioria das discussões sobre a Concha Acústica?
Victor Panchorra – Sim. Eu participei do Conselho de Cultura (Concult), frequentava as reuniões e, por várias vezes, disse que tinha muita possibilidade dela voltar a funcionar, mas a resposta era sempre a mesma: ‘não mexe nisso que não vale a pena’. E assim ocorreu em toda a Administração Papa (João Paulo Tavares Papa). Numa reunião, porém, o promotor público Daury de Paula Júnior disse que se as modificações fossem feitas, colocaria a Concha para funcionar.

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DL – Essas modificações incluíam a proibição de parte dos instrumentos de percussão e limitação sonora?
Panchorra – Não. A pessoa que fez esta aberração (TAC) primeiro não entende de música. Ela excluiu, simplesmente, toda a parte rítmica do gênero. Acabou com percussionistas e bateristas. Como se transforma uma coisa pública (Concha) em um espaço antidemocrático. Um equipamento só para instrumentos que praticamente não têm pressão sonora não precisaria ser isolado.

DL – E com relação aos testes de som?
Panchorra – Eu que participei das discussões desde o começo não fui convidado para participar. Já gravei 80% das bandas da Cidade e não me chamaram. Eu conheço cerca de 50 técnicos melhores que eu e eles também não foram chamados. Num primeiro teste com gente que conhece se detectaria as falhas. Vi pela televisão que a banda usada como teste usou um Cajon, um instrumento minúsculo de percussão. Não vi a bateria. Se perguntar para qualquer artista, o teste foi uma afronta, um sarro na arte. A gente continua sem poder mostrar nosso som para a população.

DL – O TAC foi feito só para agradar os moradores da orla?
Panchorra – Já é contraditório querer morar na orla e não querer barulho. Quando fizeram os primeiros testes para fechar a Concha, há 13 anos, o barulho urbano era menor. Em nenhum momento fizeram um teste para mostrar que o barulho do trânsito e bem superior ao som oriundo da Concha. Há dois anos, fiz um vídeo provando que o som da bateria não conseguia superar o barulho dos veículos.