Camará: 17 anos de apoio à criança e ao adolescente

O Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência foi fundado em 1997

29 JAN 2015 • POR • 17h35

O Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência foi fundado em 1997. A ideia surgiu de um grupo de amigos que tinham em comum o trabalho junto ao setor de saúde mental de São Vicente. À frente do projeto, o educador João Carlos Guilhermino de Franca, o João do Camará.

“Em 1995 realizamos um trabalho em um abrigo de crianças e adolescentes. Conseguimos resolver questões importantes com ações culturais e educativas. A experiência nos motivou a fundar o Camará”, explicou João, que atualmente é o Coordenador Geral da entidade.



Nos primeiros 10 anos de atuação, o Camará se dedicou ao combate à exploração sexual infantil. Em 1998, a entidade contribuiu para a campanha nacional sobre o assunto. “Durante um tempo prestei consultoria a Brasília devido a experiência do Camará na área. Atualmente os projetos são voltados a cultura e educação”, afirmou o educador. A erradicação do trabalho infantil também foi pautada pela organização.

Apesar de ter a sede localizada no bairro Beira Mar, a entidade atua com crianças e adolescentes de duas áreas de maior risco social em São Vicente: a Vila Margarida e o Jardim Irmã Dolores, na Área Continental. “São áreas onde os indicadores sociais apontam que a desigualdade e a ausência de políticas públicas são maiores”, destacou João, que também preside o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de São Vicente (CMDCA).

O trabalho do Camará não se resume aos projetos culturais e educacionais. As crianças e adolescentes envolvidos nas ações da entidade também participam de fóruns, debates e seminários. A ideia é despertar a consciência cidadã e participativa.

O advogado José Carlos Fernandes é o atual presidente do Camará. Apesar de a entidade ter o trabalho reconhecido internacionalmente, ele disse que não é fácil dar continuidade aos projetos. “A maior dificuldade está em firmar parcerias. Isso não é exclusivo ao Camará, mas a todas as entidades que realizam trabalhos sociais. O repasse de convênios, em qualquer esfera, é moroso e por vezes atrasa. Isso pode acarretar na descontinuidade dos projetos”, explicou.

Segundo Fernandes, a falta de compromisso de algumas entidades do terceiro setor criou obstáculos para organizações sérias e comprometidas. “O governo teve que tomar uma série de medidas para impedir que entidades não idôneas sejam contempladas com recursos. De certa forma isso dificultou o acesso e, por consequência, o trabalho quem é sério”, afirmou. Ao longo dos 17 anos de existência o Camará teve projetos financiados por entidades ligadas a Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Criança Esperança. A entidade também recebeu prêmios pelo trabalho desenvolvido.

O Camará não atua com voluntários. A equipe é formada por profissionais das mais diversas áreas. “A equipe está reduzida, até por conta das dificuldades de recursos. Optamos em não trabalhar com voluntariado para que as ações tenham continuidade. Não é fácil manter”, conclui Fernandes.