Assassinatos deixam policiais em alerta nos EUA

O atirador, Ismaaiyl Brinsley de 28 anos, havia prometido numa postagem no Instagram que colocaria "asas nos porcos" como retaliação pelas mortes de homens negros nas mãos de policiais brancos

22 DEZ 2014 • POR • 12h57

Os departamentos de polícia de grandes cidades e líderes sindicais da categoria em todo território dos Estados Unidos advertem seus colegas a usarem coletes à prova de balas e a evitar postagens provocadoras nas redes sociais, depois de um homem ter emboscado dois oficiais e os matado a tiros dentro do carro no qual faziam patrulha.

Os assassinatos dos oficiais Rafael Ramos e Wenjian Liu na tarde de sábado, no Brooklyn, elevaram os temores sobre a segurança dos agentes da lei em todo o país, embora não haja evidências de iminentes ameaças. O atirador, Ismaaiyl Brinsley de 28 anos, havia prometido numa postagem no Instagram que colocaria "asas nos porcos" como retaliação pelas mortes de homens negros nas mãos de policiais brancos.

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Brinsley era negro, os policiais de Nova York eram um hispânico e um asiático.

Os investigadores tentam descobrir se Brinsley participou de protestos contra as mortes de Michael Brown e de Eric Garner, cujos nomes ele invocou em sua ameaça on-line, ou simplesmente se ligou à causa como desculpa para um último ato de violência.

Os assassinatos aconteceram num momento tenso, em que a polícia tem sido criticada pelas mortes de Garner, em Nova York, e de Brown, em Ferguson, Missouri. Nas últimas semanas grandes protestos foram realizados, depois de júris populares decidirem não indiciar os policiais envolvidos nas mortes.

Após as mortes dos oficiais, uma mensagem do sindicato aos 35 mil oficias da polícia de Nova York advertia os oficiais de que eles deveriam responder a qualquer chamado de rádio com dois carros, "independentemente da opinião do supervisor de patrulha" O presidente do sindicato dos detetives disse aos membros da organização, em carta, que eles deve trabalhar em trios quando saírem às ruas, usar coletes à prova de balas e prestar atenção nos arredores.

Outra diretriz adverte os oficiais de Newark, Nova Jersey, a não fazerem patrulhas sozinhos e evitar pessoas que procurem confronto. Ao mesmo tempo, um memorando da polícia de Nova York pede aos oficiais que limitem seus comentários "por todos os meios, incluindo redes sociais, a expressões de tristeza e condolências".

Na Philadelphia, o comissário de polícia Charles Ramsey pediu aos líderes dos protestos pelas mortes de Garner e Brown que "peçam calma e não permitam que isso se intensifique ainda mais" Em Boston, o comissário de polícia William Evans disse que a polícia emitiu um alerta para oficiais com o objetivo de adverti-los sobre as mortes em Nova York e que o departamento de polícia havia emitido vários alertas após a decisão do júri popular em Ferguson.

Durante uma coletiva de imprensa em Nova York no domingo, o chefe dos detetives Robert Boyce detalhou a longa ficha criminal de Brinsley, seu ódio pela polícia e pelo governo e seu aparente histórico de instabilidade mental, que inclui uma tentativa de suicídio por enforcamento um ano atrás.

Brinsley fora detido pelo menos 19 vezes na Geórgia e em Ohio, passou dois anos na prisão por posse de arma e teve uma infância tão violenta que sua mãe tinha medo dele, disse a polícia. Na internet, ele se expressava de forma violenta sobre autoridades e exprimia seu "desespero e raiva de si mesmo e sobre como sua vida estava", declarou Boyce.

Horas antes dos disparos contra os oficiais, Brinsley disparou contra sua ex-namorada, Shaneka Thompson, na casa dela, em Baltimore. Thompson ficou ferida.

Segundo autoridades, após sair de Baltimore, Brinsley pegou um ônibus para o norte, em direção à cidade de Nova York e usou o telefone da ex-namorada para escrever no Instagram: "eles levaram 1 de nós, vamos pegar 2 deles". Ele encerrou a mensagem com referências aos casos de Brown e Garner.

Assim que chegou a Nova York e pouco antes de abrir fogo contra os policiais, Brinsley andou na direção de algumas pessoas, pediu a elas que o seguissem no Instagram disse "vejam o que eu vou fazer", informou Boyce. A seguir, ele se aproximou do carro policial e disparou quatro tiros, matando os policiais. Logo depois, correu para uma estação de metrô e cometeu suicídio.