Site do Instituto Lula exalta combate à corrupção, mas ignora mensalão

A página "Brasil da Mudança" postou um novo texto no qual exalta o combate à corrupção das gestões do ex-presidente e de Dilma Rousseff

25 AGO 2014 • POR • 16h33

Lançado há duas semanas como forma de mostrar o que considera a verdade não divulgada pela mídia sobre os avanços dos governos petistas, o site "Brasil da Mudança", do Instituto Lula, postou nesta segunda-feira um novo texto no qual exalta o combate à corrupção das gestões do ex-presidente e de Dilma, mas ignora o escândalo do mensalão. O artigo sustenta que, pela primeira vez na história, o combate à corrupção se tornou uma "ação permanente do Estado".

"Antes, eram raras as manchetes de jornais denunciando escândalos, porque os malfeitos eram quase sempre varridos para debaixo do tapete ou engavetados. E você nem ficava sabendo. A partir da chegada de Lula à Presidência, em 2003, a prevenção e o combate à corrupção tornaram-se prioridade, por meio da ação articulada entre diversos órgãos do governo federal, com transparência e incentivo à participação da sociedade civil", afirma.

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A postagem não faz qualquer referência ao escândalo de compra de apoio político no Congresso durante o primeiro mandato do governo Lula. Em 2013, oito anos após ter vindo à tona, começaram a cumprir pena de prisão, após condenação do Supremo Tribunal Federal (STF), importantes lideranças petistas, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares.

Em abril, na mais recente entrevista que deu sobre o julgamento do Supremo, Lula criticou o resultado e negou que a compra de votos tenha existido. "O tempo vai se encarregar de provar que o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica, disse o ex-presidente em entrevista a uma TV portuguesa.

O texto diz que iniciativas começaram a ser tomadas e "não pararam mais". Entre as medidas, cita a criação da Controladoria-Geral da União; o fortalecimento, a modernização e a independência da Polícia Federal; a autonomia do Ministério Público Federal, com a indicação do procurador-geral da República a partir da escolha feita pela própria categoria; a criação do Portal da Transparência; e a Lei de Acesso à Informação.

O artigo afirma que os resultados não demoraram a aparecer, estampando as manchetes dos jornais, com investigações, prisões e milhões de reais de devolvidos aos cofres públicos. "Ações concretas de combate à corrupção tornaram-se públicas, dividindo espaço com denúncias muitas vezes precipitadas e equivocadas - porque a imprensa, afinal, está sujeita a erros", cutuca o texto sem fazer qualquer menção ao que seriam os equívocos.

A publicação faz uma referência indireta ao governo do PSDB, quando, na época da gestão Fernando Henrique Cardoso, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, chegou a ser batizado por petistas de "engavetador-geral da República". "O importante é que a imprensa é livre, como poucas vezes na história deste País. E pela primeira vez na história, o Brasil tem instituições sólidas, com independência para agir em defesa do Estado e da sociedade, e ordens expressas para não engavetar investigações nem varrer escândalos para debaixo do tapete", concluiu o texto.