Aécio quer controle de gastos do governo e promete reduzir impostos

O candidato do PSDB à Presidência procura descolar de sua candidatura a ideia de que recorreria a "medidas impopulares", como arrocho salarial e demissões, para ajustar as contas públicas

3 JUL 2014 • POR • 20h39

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, defendeu nesta quinta-feira, 3, o controle de gastos do governo federal e prometeu "medidas responsáveis" para abrir caminho para a redução da carga tributária. Aécio procura descolar de sua candidatura a ideia de que recorreria a "medidas impopulares", como arrocho salarial e demissões, para ajustar as contas públicas.

O termo teria sido usado pelo tucano em encontro com empresários, em maio, mas Aécio negou e, com ironia, disse que "tomaria medidas impopulares para o PT", ao anunciar a redução à metade dos 39 ministérios e o fim do loteamento de cargos.

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Hoje, o tucano foi cuidadoso. "Vamos tomar medidas responsáveis. Hoje há crescimento dos gastos correntes do governo federal em velocidade muito maior do que cresce a economia. Essa conta não fecha. Se não limita o crescimento dos gastos correntes dentro do crescimento da economia, não tem o espaço fiscal necessário para diminuição da carga tributária", disse Aécio em entrevista por telefone à Rádio São Luís, do Maranhão.

O candidato prometeu criar, no primeiro dia de governo, se eleito, uma secretaria extraordinária que terá a missão de encaminhar ao Congresso um projeto de simplificação do sistema tributário, o que, segundo Aécio, "abrirá caminho para diminuição da carga tributária". O crescimento da economia, argumentou, é o caminho para redução de impostos.

Aécio prometeu continuidade de programas sociais dos governos do PT e citou o Bolsa-Família, o Prouni (para acesso de jovens de baixa renda à universidade) e o Minha Casa, Minha Vida. "É preciso acabar com o terrorismo eleitoral".

À tarde, depois de se reunir com o coordenador do plano de governo, o ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia, Aécio anunciou que apresentará proposta de cinco reformas que considera essenciais para melhoria da qualidade de vida da população e crescimento da economia: do serviço público, da segurança pública, tributária, política, e da infraestrutura.

O tucano Aécio citou superficialmente alguns pontos do plano, como redução da intervenção estatal na economia, combate à inflação e recuperação da confiança do setor privado para recuperação do investimento.

Aécio prometeu continuar as obras iniciadas pelo governo de Dilma Rousseff, mas criticou as promessas de novos empreendimentos. "O governo usa os últimos instantes que a legislação permite para prometer novas obras que não conseguiu fazer. Vamos fazer um choque de infraestrutura no Brasil. As obras iniciadas que são importantes serão finalizadas, mas sem sobrepreço e sem a fragilidade operacional do atual governo", disse.

O candidato disse que, para viabilizar avanços na infraestrutura, fará parcerias do poder público com o setor privado, "de forma que possam se concretizar, não com o ambiente hostil de agora, mas com previsibilidade, porque as medidas têm que ser previsíveis para garantir confiança e segurança para o investimento".

Plano de governo

Aécio entregará neste sábado, 5, o plano de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Essa será a primeira etapa de um programa de governo que sinaliza o que consideramos essencial para enfrentar o diagnóstico da 'estaginflação', estagnação do crescimento e recrudescimento da inflação", afirmou o candidato.

Segundo Aécio, o plano trará uma análise e propostas para a Petrobras. "Vamos discutir à luz do dia as medidas eficazes para a empresa, não com decisões tomadas na madrugada. O governo toma medidas de improviso, sem pensar nas consequências, inclusive em relação à Petrobrás", criticou.

O plano de governo tucano terá oito capítulos: Cidadania; Economia; Sustentabilidade; Educação; Saúde; Segurança; Relações Exteriores e Governo Eficiente.

Pesquisa

O candidato viu pontos positivos na pesquisa divulgada pelo Datafolha que aponta aumento de quatro pontos porcentuais nas intenções de voto da presidente Dilma Rousseff e oscilação dentro da margem de erro do tucano e do candidato do PSB, Eduardo Campos. "É extremamente positivo, especialmente pela diminuição de votos nulos e brancos, o que assegura o segundo turno. Tenho uma segurança muito grande de que estaremos no segundo turno, mesmo com o desconhecimento alto dos candidatos de oposição. Esse resultado deve continuar preocupando o governo Há um estreitamento em relação ao segundo turno, mesmo com a presidente tendo 100% de conhecimento", afirmou. Aécio evitou associar a subida de Dilma Rousseff na pesquisa com o bom ambiente do País durante a Copa do Mundo. "Torço pela vitória do Brasil na Copa, o povo merece essa alegria, e também merece a vitória no dia 5 de outubro para encerrar esse ciclo que faz tão mal ao País", afirmou, em referência à data do primeiro turno das eleições.