Polícia prende acusado de depredar concessionária de carros em protesto

Segundo o delegado Wagner Giudice, diretor Deic, a polícia conseguiu chegar até o motorista João Antônio Alves de Roza, 46 anos, após análise de imagens

2 JUL 2014 • POR • 20h35

A Polícia Civil de São Paulo prendeu hoje (2) um homem apontado como um dos responsáveis pela depredação de uma concessionária de carros importados, na Marginal Pinheiros, próximo à Ponte Eusébio Matoso, durante protesto na capital paulista, no último dia 19.

Segundo o delegado Wagner Giudice, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a polícia conseguiu chegar até o motorista João Antônio Alves de Roza, 46 anos, após análise de imagens do ato em que Roza utiliza um extintor de incêndio para destruir um carro. Além disso, acrescentou o delegado, contribuíram para a investigação outras denúncias contra Roza e uma postagem dele no Facebook, usando boné e óculos que batiam com as imagens.

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De acordo com o delegado, Roza confessou o crime e assumiu ser black block, apesar da percepção de que o perfil do preso não condiz muito com a maioria dos manifestantes que utilizam a tática black block em casos já analisados pela polícia. “Ele fala pouco, mas disse que se juntou ao movimento [black block]”, falou o delegado, em entrevista coletiva no Deic.

“De fato, isso é o inusitado desse rapaz, primeiro pela idade. Ele tem 46 anos. Não tem o perfil dos outros que já foram abordados, geralmente mais jovens. O que me chamou a atenção é que ele não tem formação superior: em geral, os outros têm ou começaram. Ele é motorista de van e de ônibus, de uma cooperativa. Ele foi filmado em muitas outras manifestações, sempre com uma postura muito agressiva”, disse o delegado, e explicou: “Os black blocks não são um grupo. São uma tática. Qualquer grupo pode adotar essa tática de violência. É uma tática utilizada por manifestantes para se proteger da violência policial. Só que nesse dia [19] a Polícia Militar nem estava lá. Nem sei de quem eles foram se proteger”, disse o delegado.

Roza foi preso na manhã de hoje, em São Mateus, zona leste da capital paulista. Sua prisão ainda é temporária, pelo prazo de cinco dias. Com ele foram apreendidos roupas (com mensagens que criticavam a Copa do Mundo no país), bonés, um óculos, além de computador e de uma máquina fotográfica que, segundo o delegado, foram furtados em Mauá, no dia 20 de abril. De acordo com o delegado, Roza respondeu que estava em posse da máquina fotográfica e do computador para fazer reparos nos equipamentos.

Roza tem passagens na polícia por receptação, porte de armas e de drogas e por pedofilia. Ele responderá pelos crimes de associação criminosa e depredação. De acordo com o delegado, outros participantes da depredação na concessionária e nos bancos já estão sendo investigados pela polícia. “Em breve chegaremos em mais uns quatro integrantes desse evento”, disse Giudice.

A manifestação de 19 de junho foi convocada pelo Movimento Passe Livre (MPL) para marcar um ano dos protestos que impediram a elevação nos preços do transporte público. A intenção do movimento era fazer uma passeata da Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, até a Marginal Pinheiros, onde haveria uma festa para celebrar a conquista do ano passado. No trajeto, a presença da PM foi pequena, e alguns vândalos depredaram três agências bancárias e três concessionárias de veículos de luxo.