Museu Pelé está aberto ao público

Hoje, visitantes poderão conferir o acervo do Rei do Futebol a partir das 13 horas, no Centro Histórico de Santos

16 JUN 2014 • POR • 11h01

A história do maior jogador de futebol de todos os tempos teve a sua mais importante “vitrine” inaugurada na manhã de ontem, em plena Copa do Mundo no Brasil. O Museu Pelé, sonho antigo do Rei do Futebol, se tornou realidade, no Valongo, mais de uma década após o o início das negociações para instalação em Santos.

A primeira intenção de Edson Arantes do Nascimento, na década passada, foi inaugurar o museu em 2003, em parceria com a Prefeitura de Santos, no Emissário Submarino. Impedimentos ambientais barraram o plano de construção. Mas Pelé não desistiu, apesar dos convites para levar seu acervo a outros países. Desde 2010, em um acordo que envolveu as esferas municipal, estadual e federal de governo, além da iniciativa privada, o plano finalmente saiu do papel no Largo Marques de Monte Alegre, em propriedade composta por dois casarões. “É um presente de Deus. Pode estar certo que Deus está abençoando a nossa cidade. Foi daqui que eu saí”, afirmou Pelé.

Leia Também

Prefeito de Natal decretará estado de calamidade pública

Sérgio Reis é transferido para SP após noite em UTI

Vendas de artigos da Copa permanecem em ritmo morno

Governo paulista diz ter água suficiente

MEC divulga o resultado do ProUni

Durante o discurso, Pelé mencionou sua primeira Copa, em 1958, quando tinha apenas 17 anos. Ele disse que repórteres demonstravam não conhecer o Brasil naquele Mundial e confundiam o país até com a Argentina. “Hoje, na inauguração do meu museu, todo mundo está voltado para cá com a Copa”, afirmou.

A presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a ter a presença confirmada na solenidade, mas se ausentou devido a outro compromisso de agenda pública. Por meio de um vídeo, que foi exibido no telão do evento, ela homenageou Pelé.

“Os feitos de Pelé estão na nossa história e na memória do povo brasileiro, tão apaixonado por futebol. As novas gerações e os visitantes do Brasil e do Mundo merecem conhecer essas façanhas imortais. Façanhas de um jogador completo. Pelé conduzia a bola com as duas pernas, driblava com as duas pernas, chutava com as duas pernas, fazia gol de bicicleta. Tudo isso e também cabeceava com perfeição. Como se não bastasse, quando precisava, ainda virava goleiro”, disse a presidente.

Michel Temer (PMDB), vice-presidente, estava no palanque da solenidade.  “Vejo que (o museu) está marcado para o futuro. Porque daqui a 100 anos, daqui a 200 anos, quando alunos de escolas vierem a Santos visitarem esse museu, vão verificar que o seu nome, Pelé, está inscrito definitivamente na história do Brasil”.

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), ressaltou o firme objetivo que Pelé teve para construir o museu em Santos. “Muitas cidades do mundo quiseram sediar o Museu Pelé. O Pelé teve convite para levar esse museu para Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Ucrânia. Diversas cidades do Brasil tinham o mesmo objetivo, esse mesmo sonho, mas Pelé foi decisivo no sentido de manter esse museu na sua casa”, disse.

Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o museu consolida Santos no circuito internacional do turismo e revitaliza a região do Valongo. Ele homenageou o rei afirmando que Pelé, com sua trajetória vitoriosa, tornou-se “sinônimo de excelência”. “Quando alguém é muito bom, fala-se que é Pelé”.

Também estiveram no palanque os ministros Aldo Rebelo (Esporte), Marta Suplicy (Cultura), Vinicius Lages (Turismo) e Arthur Chioro (Saúde).

Na plateia, formada por cerca de 850 convidados, estiveram a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, representantes das federações de futebol deste país e do México, deputados, prefeitos, vereadores, amigos e familiares de Edson Arantes do Nascimento. Cerca de 360 jornalistas cobriram o evento.

Chegada ao museu  foi a bordo de bonde

Pelé chegou ao museu às 10h50, na linha turística do Bonde Histórico. A solenidade ocorreu na área que fica entre os dois blocos do museu, sendo iniciada com os hinos Nacional e de Santos, interpretados pelo grupo Arte no Dique.

Os ex-companheiros de Santos F.C., Pepe, Edu, Dorval, Lima e Manoel Maria subiram ao palco e dividiram a alegria com o Rei, assim como o jogador Gabriel (Gabigol) e outros meninos da Vila. Pelé ganhou uma camisa autografada por todos os jogadores da atual seleção brasileira. Outro presente foi uma réplica do museu, a qual exibiu como um troféu. O evento foi apresentado pela jornalista Carla Vilhena, da Rede Globo.

Valor do ingresso é R$ 18

Hoje, data de abertura ao público, o Museu Pelé abre suas portas a partir das 13h, com fechamento às 18h. O valor do ingresso é R$ 18,00. Há isenção para crianças de até 5 anos e meia entrada de 6 a 12 anos, estudantes, professores, maiores de 60 anos.

A partir de amanhã, o funcionamento será das 10h às 18h. Nas segundas-feiras, com exceção de hoje, o museu não abrirá. São 2545 objetos no acervo, sendo 110 na mostra permanente. Um dos itens mais significativos não é de ouro e nem mesmo foi entregue por uma autoridade. Mas é a peça que melhor representa a trajetória do menino que se tornou uma das figuras mais conhecidas do mundo. Feita de madeira e com mais de 60 anos de história, a caixa de engraxate utilizada pelo menino Edson Arantes do Nascimento para ganhar os primeiros trocados em Bauru (SP) pode ser considerada o marco zero do conjunto.

Das relíquias da infância do Rei também faz parte o rádio em que ouvia os jogos de futebol ao lado de seu pai, o ex-jogador Dondinho. Diante do aparelho, aos 10 anos, Pelé prometeu que um dia conquistaria a Copa do Mundo para seu pai, que chorava por conta da derrota do Brasil na final do Mundial de 1950.

Pelé não só cumpriria a promessa oito anos mais tarde, como repetiria a dose outras duas vezes em 1962 e 1970. Nada mais justo que uma réplica da taça Jules Rimet, oferecida pelo governo do México, seja um dos destaques do acervo.

Da Rainha para o Rei

A reunião de itens do museu, além de uma infinidade de troféus, bolas, camisas, vídeos de jogos (alguns inéditos), narrações esportivas e documentos pessoais, traz objetos singulares, como a condecoração For God and the Empire, concedida pela rainha Elizabeth II em 1997. Como Pelé não é cidadão britânico, não pode usar o título de Sir, somente o de Cavaleiro Honorário.

Como todo rei que se preze há também coroas no acervo, como a que foi entregue pelo Governo de Minas Gerais, no Estádio do Mineirão, em 1969. A peça, em ouro e pedra de ônix, havia pertencido ao Ministro Antônio Ferreira Viana, um dos redatores da Lei Áurea, e foi confeccionada pelos mesmos ourives da coroa do imperador D. Pedro II.

Acervo é dividido em quatro partes

A - Documentais – Fotos, filmes, áudios e objetos que contextualizam e estabelecem referências para a história da vida e da carreira de Pelé. Boa parte do material é inédito. O museu detém ainda os direitos exclusivos sobre 622 fotos do fotógrafo José Dias, que acompanhou a carreira de Pelé desde o primeiro dia em que, ainda garoto, chegou à Vila Belmiro, em 1956, até a sua consagração como tricampeão mundial pela Seleção Brasileira e bicampeão do mundo pelo Santos Futebol Clube.

B - Memorabília – Objetos pessoais e referências para entusiastas esportivos, pesquisadores e fãs de Pelé. Dentre essas peças estão a caixa de sapatos que Pelé usava para trabalhar como engraxate na estação de trem de Bauru; o rádio em que ouvia os jogos de futebol ao lado de seu pai, o ex-jogador Dondinho, e até a primeira moeda que Pelé ganhou jogando futebol.

C – Culturais – Imagens, cartazes, pinturas, esculturas, livros e outras representações artísticas doadas ou adquiridas por Pelé ao longo da carreira. Incluem-se objetos de vários países, livros raros e os registros das participações de Pelé no mundo das artes.

D - Esportivas – Vestuário, equipamentos e objetos ligados ao esporte, como troféus, flâmulas e medalhas. Material que retrata os momentos marcantes da carreira do Rei, com destaque para réplica da Taça Jules Rimet; o troféu Atleta do Século outorgado pelo jornal francês L ‘Equipe em 1981; a Bola de Ouro entregue este ano pela FIFA, alusiva ao conjunto da obra de Pelé.