Novo laser facilita cirurgia de catarata

No Dia Nacional do Combate do Glaucoma e Catarata o Dr. Fabrício Witzel alerta que a tecnologia avança, mas o diagnóstico precoce evita cegueira

26 MAI 2014 • POR • 12h16

Uma nova técnica cirúrgica com o laser femtossegundo pode se tornar uma excelente alternativa para quem tem catarata. A doença, ao lado do glaucoma, são as enfermidades que mais causam cegueira no país e são lembradas em 26 de maio, no Dia Nacional do Combate ao Glaucoma e Catarata.

"O laser de femtossegundo tem se mostrado extremamente eficiente nos campos da cirurgia refrativa e transplante de córnea, e agora, deve auxiliar na cirurgia de catarata. Em vez de lâminas de bisturis, este laser irá proporcionar mais segurança nos cortes durante a cirurgia, que estará mais precisa e perfeita", explica o especialista em catarata e glaucoma Dr. Fabrício Witzel, oftalmologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP.

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Segundo Witzel, as incisões na córnea e no cristalino realizadas com o laser femtossegundo tem precisão acima de 95%. "Além da previsibilidade dos resultados, o tempo de cicatrização pode ser mais rápido com poucos efeitos colaterais", afirma o médico.

Causada pela opacificação do cristalino, que é a lente intraocular natural do olho responsável pelo foco das imagens, a catarata é uma doença totalmente reversível. Na cirurgia, única forma de se livrar da doença, o cristalino é substituído por uma lente intraocular artificial.

Glaucoma

No Dia Nacional do Combate ao Glaucoma e Catarata, porém, a grande preocupação do oftalmologista é alertar para uma verdadeira tragédia na área de saúde pública: "Muitos casos de cegueira poderiam ser evitados caso as visitas ao oftalmologista fossem mais frequentes".

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Só no Brasil mais de 900 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença, que ataca 2,4 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). "É uma doença silenciosa que não apresenta sintomas, quando o incômodo aparece, boa parte do campo visual já foi devastado", afirma Witzel.

"Esta doença ainda cega muitos brasileiros. É frustrante receber um paciente com o estágio avançado da doença e saber que essa situação poderia ter sido diferente, caso fosse descoberta mais cedo. Mais triste ainda é informá-lo que essa perda de visão é irreversível", comenta o médico.

O glaucoma não pode ser evitado. Porém, se for descoberto precocemente em uma visita ao oftalmologista, o tratamento interrompe o avanço da doença, que é causada pela elevação da pressão intraocular e provoca lesões no nervo óptico.

A doença é diagnosticada através da aferição da pressão ocular e avaliação do fundo de olho. A partir dos 40 anos o risco é maior, principalmente para quem tem histórico familiar desta patologia. Alguns pacientes podem apresentar a doença mesmo com níveis normais de pressão intraocular, o chamado glaucoma de pressão normal.

Se diagnosticado precocemente, o glaucoma pode ser controlado com o uso de colírios. Caso isso não aconteça, cirurgias e procedimentos a laser são alternativas para tentar regular a pressão do olho, bloqueando a evolução da doença. "Porém, não há como reverter o dano já causado", conclui o especialista.

Só no Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas (19% da população) tem alguma dificuldade em enxergar e aproximadamente 500 mil tem o diagnóstico de cegueira, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).