Coreia do Sul errou em identificação de corpos

A mídia sul-coreana veiculou reportagens de corpos sendo levados para as famílias erradas, com o erro sendo detectado apenas depois que os restos mortais terem sido levados para a funerária

25 ABR 2014 • POR • 13h04

No mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou a Coreia do Sul e ofereceu seus pêsames aos sul-coreanos pelo naufrágio que matou 183 pessoas, o governo sul-coreano admitiu que alguns corpos foram identificados e transferidos erroneamente e anunciou mudanças para evitar que esse tipo de erro volte a acontecer.

A mídia sul-coreana veiculou várias reportagens esta semana de corpos sendo levados para as famílias erradas, com o erro sendo detectado apenas depois que os restos mortais terem sido levados para a funerária. Um "plano de ação" divulgado pela força-tarefa de emergência do governo reconheceu que "houve casos em que as vítimas foram transferidas de forma errada". Os restos mortais passarão a ser transferidos para as famílias quando houver comprovação de identidade por teste de DNA ou impressão digital ou arcada dentária, destacou a força-tarefa. A transferência será apenas temporária quando um corpo for identificado por aparência ou descrição física, e as autoridades irão esperar por evidências mais conclusivas antes de fazer a transferência permanente.

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Mergulhadores recuperaram 183 corpos até o momento, mas 119 seguem desaparecidos e há temores de que seus corpos estejam no barco submerso.

Autoridades que participam dos esforços de busca, inclusive um porta-voz da Marinha e um mergulhador disseram que 35 das 111 cabines do navio foram revistadas até o momento, informou a agência de notícias Yonhap. Conforme as fontes, 48 dos corpos recuperados foram encontrados em uma sala grande construída para acomodar 38 pessoas.

O ferry Sewol naufragou no dia 16 de abril quando fazia o trajeto do porto de Incheon à ilha turística de Jeju, no sul. Mais de 80% dos 302 mortos e desaparecidos eram estudantes de uma mesma escola secundária em Ansan, ao sul de Seoul.

Obama chegou na tarde de sexta-feira à Casa Azul, residência presidencial da Coreia do Sul, e presenteou a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, com uma bandeira norte-americana que estava no topo da Casa Branca no dia que o navio afundou. A sua primeira visita à Coreia do Sul desde que Park assumiu o poder se destina a discutir temas como a relação com o Norte, mas Obama assinalou que a viagem ocorre em um período de "grande tristeza". "Muitos eram estudantes jovens que tinham toda a vida pela frente", afirmou Obama, citando suas duas filhas, com idade próxima de muitas vítimas do naufrágio. "Posso apenas imaginar o que os pais estão enfrentando nesse momento, a dor horrível."

Park traçou um paralelo entre a forma como os norte-americanos se uniram depois dos ataques de 11 de Setembro e a resiliência dos sul-coreanos após um dos maiores desastres marítimos da história do país. "O povo coreano tira grande força da sua gentileza", afirmou a líder a Obama. O presidente dos EUA também disse que doará um árvore de magnólia do jardim da Casa Branca para a Escola Secundária Danwon, em Ansan, como tributo às vidas que se perderam e um símbolo da amizade entre os EUA e a Coreia do Sul.

Onze membros da tripulação, incluindo o capitão, foram presos por suspeita de negligência ou abandono de pessoas em necessidade. O procurador Yang Jung-jin, da equipe de investigação, disse hoje que a causa do naufrágio pode ter sido virada em ângulo maior do que o normal, estiva indevida de carga, modificações feitas no navio e/ou influência das marés. Segundo ele, os investigadores irão determinar a causa por meio da consulta com especialistas e simulações.