Cerveró diz que não viajou no meio da crise

Segundo o ex-diretor, houve um "prejuízo contábil" por conta das mudanças que ele classificou como "drásticas" no curso do projeto

16 ABR 2014 • POR • 15h40

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou nesta quarta-feira que antecipou em uma semana a volta das férias após a eclosão da crise envolvendo a compra de parte da Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), pela estatal. Segundo Cerveró, quando o caso voltou à tona, estava em viagem. "Eu perdi uma semana de férias porque, dada essa pressão toda, eu antecipei a volta das férias", afirmou.

Ele rebateu a insinuação de que teria sido "irresponsável" por, supostamente, ter deixado o País. Cerveró disse também que nunca cairia sozinho, em resposta a informações divulgadas na imprensa de que assumiria a culpa pela compra da refinaria. "Tem muita coisa na imprensa que não corresponde à verdade", disse, em resposta aos questionamentos do deputado Ivan Valente (Psol-SP).

Leia Também

CDES: Dilma enaltece avanços na responsabilidade fiscal

Protestos de junho pediam avanço, diz Dilma ao Conselhão

Juiz não deixa Cunha passar Páscoa em Osasco

Aécio lança 'Aezão' contra Dilma no Rio de Janeiro

Indicação de substituto de Vargas sai neste mês

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras declarou que, "evidentemente", conhecia o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que foi preso na Operação Lava Jato, da Policia Federal (PF). Mas garantiu que não conhecia as suspeitas de que Costa é acusado. Também disse que não conhecia o doleiro Alberto Youssef, também envolvido na operação da PF. A Lava Jato apura, entre outras irregularidades, suspeitas de lavagem de dinheiro e supostas fraudes em contratos da Petrobras.

Ele defendeu também mais uma vez a compra da metade da refinaria de Pasadena. Ele disse que sua apresentação teve por objetivo mostrar a "economicidade do investimento". "Eu não posso aceitar que seja colocada repetidas vezes como malfadada refinaria de Pasadena", afirmou ele. Cerveró observou que nem todo o projeto da refinaria foi concluído. "A rentabilidade do projeto só se daria no momento em que se conclui o projeto de revamp (modernização) para o qual foi aprovado", afirmou.

Contabilidade

Segundo o ex-diretor, houve um "prejuízo contábil" por conta das mudanças que ele classificou como "drásticas" no curso do projeto. "Foi um bom projeto na época", destacou. Cerveró embargou a voz ao dizer que trabalhou 39 anos na estatal. "Não sou mais funcionário da Petrobras. Sou Petrobras", disse.

O ex-diretor reafirmou que as cláusulas que ele teria omitido da diretoria o conselho eram irrelevantes. Mas não disse se efetivamente as omitiu do colegiado, do qual fazia parte a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o resumo que apresentou ao colegiado tinha uma página e meia e todo o processo, 400 páginas.

Questionado se os diretores leram todo o processo de compra da refinaria, Cerveró respondeu: "Eu não posso afirmar pelos outros, são documentos que são enviados pela diretoria e são encaminhados ao conselho." Ele afirmou não saber se todos tiveram acesso ao documento. Cerveró rebateu a alegação de que houve "açodamento" para realizar o projeto. "Esse projeto foi extensamente e intensamente avaliado, não só pelo nosso pessoal, mas por consultorias externas", afirmou.