Em Santos, 58,20% das pessoas com Aids são heterossexuais

Levantamento da Secretaria Municipal de Saúde aponta que 3.100 pessoas são assistidas pela Secraids e, em 2010, foram registrados 123 novos casos. Os números de 2011 não foram divulgados

13 JAN 2013 • POR • 21h42

Trinta anos após o aparecimento dos primeiros casos de Aids, o perfil predominante de soropositivos, ou seja, de portadores do vírus HIV mudou. Chamada de peste gay no início, hoje a doença acomete 68% dos pacientes heterossexuais atendidos no hospital estadual Emílio Ribas, na Capital, e 58,20% das pessoas heterossexuais acompanhadas em Santos pelo Centro de Referência e Tratamento (Cocert) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). 

Segundo dados da Secretaria de Saúde de Santos, na distribuição por categoria de exposição, além dos 58,20% que são heterossexuais, 16,70% são homossexuais e 10,10% bissexuais – o restante não informou. Entre a terceira idade (maiores de 60 anos), foram registrados nove casos novos em 2008; 11 em 2009; seis em 2010; e, até agora, seis confirmados em 2011.

Ao todo, o Cocert, que integra o Programa Municipal de DST/Aids e Hepatites, faz o acompanhamento de cerca de 3.100 pessoas (HIV/Aids) assistidas pela Secraids (Seção Centro de Referência em Aids) e Senic (Seção Núcleo Integrado de Atendimento à Criança). Deste número, 18 são gestantes, 55 crianças expostas (menores de 1 ano, filhos de mães com HIV) e 40 crianças (1 a 12 anos, com HIV confirmado).

Em 2010, foram confirmados 123 novos casos de Aids, com a incidência de 29,30 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2009, foram confirmados 201 novos casos e em 2008, 155.

Emílio Ribas

Do total de pacientes atendidos no Hospital estadual Emílio Ribas, na Capital, 80% são portadores do vírus HIV. Destes, 68% afirmam que são heterossexuais. Os dados são da pesquisa sobre o perfil do paciente feita pelo hospital que é referência em tratamento de doenças infecto-contagiosas na Capital.

O estudo mostra também que 25% dos pacientes são do sexo feminino e a maioria, homens e mulheres, têm entre 30 e 40 anos de idade. Apenas 20% dos entrevistados declararam união estável com o parceiro. 

Em relação à escolaridade, 42% dos pesquisados informaram ter apenas o ensino fundamental concluído e 0,9% concluíram o ensino superior. Segundo o diretor do Emílio Ribas, o médico infectologista David Uip, a batalha contra o vírus ainda continua e a barreira principal ainda não foi quebrada: a consciência de todos, independentemente da opção sexual.

“Houve muitos avanços na medicina no que se diz respeito ao tratamento da Aids da década de 80 para cá, mas não adianta a medicina evoluir se toda a população não estiver consciente dos riscos da doença e de como preveni-la”, comenta.

O levantamento dos dados foi realizado pelo serviço social durante 15 dias acompanhando a rotina de mais de 100 pacientes internados no hospital.