Grella defende que socorristas atendam a vítimas de confrontos com a polícia

Segundo ele, dar preferência ao atendimento especializado é mais seguro para a vítima e favorece a preservação da cena de crimes com envolvimento de policiais

20 MAR 2014 • POR • 14h50

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse hoje que equipes de socorristas estão mais preparadas que a Polícia Militar (PM) para atender às vítimas de confrontos armados. Segundo ele, dar preferência ao atendimento especializado é mais seguro para a vítima e favorece a preservação da cena de crimes com envolvimento de policiais.

Durante o evento Diálogos de Segurança Cidadã,  organizado pelo Instituto Igarapé, hoje (18), no Rio, ele disse que o policial, em situações de confrontos, tem de fazer dois papéis: socorrer a vítima e cuidar da cena do crime. O evento  reúne especialistas em Segurança Pública da América Latina e da África. Novos encontros estão previstos com a participação de representantes da Colômbia, do México e de países africanos, nos próximos dois anos.

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Grella observou, porém, que o policial normalmente sabe adotar os cuidados de primeiros socorros, “mas não tem ambulância e material para a primeira intervenção". O secretario disse que, quando o socorro não chega, a PM pode atender à vítima, se autorizada para a tarefa.

Segundo ele, desde janeiro de 2013, o Governo de São Paulo determinou que policiais não atendessem a vítimas sem o aval da comando da PM. A medida integra uma série de mudanças, que reduziram em 39% a morte de pessoas em situações de confronto com a polícia.

Na avaliação de especialistas, além de dar mais chance de sobrevivência às vítimas, a medida previne a ocorrência de notificações falsificadas em confrontos envolvendo a polícia. "A principal questão que estão tentando resolver é [a existência de responsabilidade policial em mortes] de pessoas a caminho do hospital”, disse a diretora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho.

O subsecretário de Planejamento de Integração Operacional, da Secretaria de Segurança do Rio, Roberto de Sá, que participou do encontro, disse que a priorização do atendimento por equipes de saúde "deve ser observada" com cautela. Ele disse que atribuir responsabilidade de primeiros socorros é tarefa que tem de ser pensada com calma, já que no Brasil os municípios trabalham com redes de atendimentos precárias.

"Temos várias áreas na região metropolitana, prefeituras, que são pobres. Temos avaliar conjuntamente se podem assumir esse socorro. Será que vai dar?", indagou.