Merkel: Rússia arrisca enfrentar graves consequências

Em discurso no Parlamento alemão, Merkel afirmou que a única forma de resolver a crise é por diplomacia e assegurou que "o uso de Forças Armadas não é uma opção"

13 MAR 2014 • POR • 13h10

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse nesta quinta-feira que a Rússia corre o risco de enfrentar graves consequências políticas e econômicas se Moscou não entrar em "negociações que alcancem resultados" sobre a situação na Ucrânia. Em discurso no Parlamento alemão, Merkel afirmou que a única forma de resolver a crise é por diplomacia e assegurou que "o uso de Forças Armadas não é uma opção".

Segundo ela, a União Europeia e outras nações ocidentais podem em breve congelar contas bancárias e implementar restrições a viagens se a Rússia se recusar a entrar em "negociações que alcancem resultados e não sejam apenas uma tentativa de ganhar tempo". Caso Moscou não comece a contribuir para a redução das tensões na Ucrânia, Merkel disse que os países do bloco, os EUA e outros parceiros transatlânticos estão preparados para tomar medidas ainda mais firmes, que atingiriam a Rússia economicamente.

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"Se a Rússia continuar com sua política das últimas semanas, então isso não só seria um desastre para a Ucrânia. Nós, como os Estados vizinhos, também consideraríamos isso como uma ameaça", salientou Merkel. "Isto não só mudaria a relação da União Europeia como um todo com a Rússia, mas também, e estou profundamente convencida disso, causaria danos maciços à Rússia econômica e politicamente", salientou a chanceler.

Merkel afirmou que a decisão da Rússia de enviar tropas para a península da Crimeia era uma clara violação do direito internacional e que a postura de Moscou ante o vizinho mais fraco tinha métodos que lembravam a política de poder europeia do século 19, não aceitável para o mundo globalizado do século 21.

Ela afirmou ainda que as nações ocidentais estavam "trabalhando em um caminho político e diplomático" para sair da crise, incluindo a construção de um canal de diálogo direto entre Kiev e Moscou, mas disse que qualquer discussão de separação da Crimeia da Ucrânia estava fora de questão. "Deixe-me ser absolutamente clara para que não haja nenhum mal-entendido, a integridade territorial da Ucrânia não está aberta à discussão", afirmou.

A Crimeia planeja realizar um referendo no domingo perguntando à população se aceita que a região se separe da Ucrânia e seja integrada à Rússia. O governo da Ucrânia, a Alemanha e outras nações ocidentais denunciaram o referendo como ilegítimo e alertaram a Rússia contra a anexação da Crimeia.