De olho na campanha, Dilma substitui Helena Chagas, da secretaria de Comunicação

A mudança possibilitará uma convergência maior entre a comunicação do governo, a do PT e a da campanha eleitoral da presidente

30 JAN 2014 • POR • 22h27

De olho na campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff ampliou a primeira etapa da reforma ministerial e incluiu a substituição de Helena Chagas, da Secretaria da Comunicação Social (Secom), pelo porta-voz da presidente, Thomas Traumann. A mudança possibilitará uma convergência maior entre a comunicação do governo, a do PT e a da campanha eleitoral da presidente Dilma. Permitirá, ainda, que a Secom adote um tom mais agressivo, como querem os petistas, em um ano eleitoral, no enfrentamento às notícias negativas envolvendo o governo.

O PT considerava que a Secom, com Helena Chagas, tinha uma postura pouco combativa para responder à altura os ataques feitos ao governo. A "Operação Portugal", que deixou Dilma exposta à críticas e representações da oposição contra o governo por ter omitido de sua agenda uma escala em Lisboa, com todo o seu staff, ocupando 45 quartos nos luxuosos hotéis Ritz e Tivoli, foi o pretexto ideal para sua saída, que inicialmente estava prevista para março.

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Nesta quinta-feira, 30, a presidente Dilma oficializou o nome dos três primeiros ministros da reforma ministerial, todos petistas. Nomeou Aloizio Mercadante para a Casa Civil, Arthur Chioro para o Ministério da Saúde, e José Henrique Paim, para a Educação. O anúncio dos nomes estava sendo aguardado para a quarta-feira, 29, mas acabou adiado para esta quinta porque Alexandre Padilha, que deixou a Saúde para se candidatar ao governo de São Paulo, precisava aparecer em cadeira de rádio e TV em um pronunciamento, cuja justificativa era informar sobre o início da vacinação de HPV, que só começa em 10 de março.

A substituição de Helena por Thomas Traumann deverá ser anunciada nesta sexta, 31. Mas Thomas tomará posse no cargo junto com os demais ministros, na próxima segunda-feira, dia três, às 11 horas, no Palácio do Planalto, em solenidade comandada pela presidente Dilma.

Acertada a primeira etapa da reforma, a menos problemática, Dilma dará prosseguimento às conversas com o PMDB e os demais partidos da base aliada, que querem ampliar seu poder na Esplanada. Com esta primeira etapa, ela deixa claro que algumas áreas do governo ficarão longe da cobiça dos políticos aliados, como a Educação. Dilma gostaria de ter anunciado também o nome de Josué Alencar para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no lugar de Pimentel, que vai disputar governo de Minas. Mas o empresário resistiu ao convite e informou à presidente que deseja seguir o mesmo caminho de seu pai, na política. Ou seja, quer sair candidato ao Senado, como José Alencar, mesmo que sabendo que poderá não obter sucesso em sua primeira tentativa. Neste caso, poderia, em caso de segundo mandato, ir para o MIDC. Dilma, agora procura outro empresário com o perfil de Josué para o seu lugar.

Apesar do apetite do PMDB por mais uma Pasta, Dilma não deverá atender ao pleito. Mas a presidente pretende acomodar o PSD de Gilberto Kassab, em um novo Ministério, assim como o PTB, que pode ir para o Turismo, com Benito Gama. Neste caso, o PMDB seria compensado com a Secretaria dos Portos. Dentro deste desenho, o PROS manteria espaço do Ministério da Integração, hoje ocupado por um técnico, Francisco Teixeira, ligado ao partido da família Gomes, do Ceará. Quanto à Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, o PT da Câmara está de olho no seu cargo e há informações circulando de que ela poderia ir para a Secretaria de Direitos Humanos.

Ao longo da semana que vem, a presidente Dilma pretende dar um segundo impulso na reforma ministerial, que deverá ser feita em pelo menos três etapas. A última etapa só deverá acontecer em abril, prazo máximo para a saída de candidatos dos seus cargos públicos.