Padilha critica ação da polícia na cracolândia

Cinco pessoas - três policiais e dois usuários de crack - ficaram feridas na operação, comandada por agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico

25 JAN 2014 • POR • 16h01

O ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Alexandre Padilha, voltou a criticar neste sábado, 25, a ação da Polícia Civil na Cracolândia, realizada na quinta-feira. Ele falou após missa na Catedral da Sé, em homenagem aos 460 anos de São Paulo. "É muito difícil convencer e estimular um médico, enfermeiro ou agente de saúde a salvar a vida de pessoas quando ele está sob risco de levar bombas de gás ou sofrer qualquer tipo de agressão", disse

Cinco pessoas - três policiais e dois usuários de crack - ficaram feridas na operação, comandada por agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Usuários usaram pedras e paus contra a abordagem dos policiais, que revidaram com bombas de efeito moral e tiros de bala de borracha. "Sou otimista de que o trabalho dos médicos possa continuar (na Cracolândia). É muito importante que eles tenham tranquilidade para continuar salvando vidas e espero que as ações da polícia sigam cada vez mais ações planejadas", disse O prefeito Fernando Haddad (PT), também presente na missa, evitou comentar a operação.

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Com capacidade para 8 mil pessoas, a Catedral da Sé estava lotada. A celebração começou às 9h e durou cerca de duas horas. O arcebispo Dom Odilo Scherer lembrou que muito mudou desde o nascimento da cidade, que passou de "aldeia a metrópole". Segundo ele, "não somos cidade permanente; somos convidados a construí-la". "Nesta festa do padroeiro, temos muito a aprender. Deixemos nos contaminar com o ardor missionário. São Paulo, interceda por nós", finalizou.

Protesto

Durante a missa, o Comitê contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica promoveu ato do lado de fora da Catedral da Sé. De um caminhão com caixas de som, um dos líderes bradava contra os "hitlers que ainda existem em nosso País".

Thaize Salles, estudante de Letras de 20 anos, faz parte do Coletivo Negro da Universidade de São Paulo (USP) e apoiava o protesto, que reuniu cerca de 20 pessoas. "Preto e pobre sofre muito mais no Brasil", afirmou. A estudante disse que viu um mendigo ser proibido de entrar na catedral para a missa.

No centro da cidade, na manhã deste sábado uma das principais atrações das comemorações de aniversário foram as barracas do projeto Chefs na Rua, encabeçado por nomes badalados da gastronomia. As comidas, em porções médias, custavam, no máximo, R$ 15. As barracas mais concorridas ao meio-dia eram a de hambúrguer, de Pedro Tarantino, e a de barriga de porco com batatinhas, de André Mitano e Dagoberto Torres.

A aposentada Suzeli Mota, de 54 anos, prestigiava o evento pela segunda vez. Na primeira, que ocorreu no Minhocão durante a Virada Cultural de 2011, houve confusão. "Hoje está tranquilo e organizado", elogiou. O casal Carla Sanches Baldin, de 28 anos, e Leonardo Baldin, de 29, levaram a filha, Fernanda, de 4, para provar os quitutes. "Essa é uma forma de experimentar algo diferente, que não podemos comer no dia a dia porque é caro", disse Carla. Cada um escolheu um prato, e a pequena Fernanda surpreendeu ao pedir bacalhau.