Vendas de veículos têm a primeira queda em dez anos

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram vendidas 3,576 milhões de unidades, um recuo de 1,61% em relação a 2012

3 JAN 2014 • POR • 20h24

As vendas de veículos e comerciais leves caíram em 2013 - a primeira queda em dez anos. No ano passado, o total de automóveis emplacados no País, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foi de 3,576 milhões de unidades, um recuo de 1,61% em relação a 2012. No ano anterior, as vendas haviam somado 3,634 milhões de veículos.

O resultado frustrou as expectativas da entidade. No início de 2013, a Fenabrave previa aumento de 3,48% nas vendas gerais de veículos. Diante dos resultados abaixo do esperado e da desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a Fenabrave refez suas previsões em agosto, projetando elevação de 1,58%, cenário que também não se confirmou.

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Reconhecendo que a expansão de vendas nessa categoria não repetirá o ritmo do passado, a sócia-diretora da MB Associados, Tereza Fernandez, disse que o patamar de vendas de 6 milhões de carros para 2017 projetado por algumas fontes da indústria "era um sonho".

A MB, que faz consultoria para a Fenabrave, prevê que as vendas de carros e comerciais leves devem crescer a uma taxa média de 3% ao ano na próxima década, ante avanço médio de 10% ao ano nos últimos 10 anos.

As vendas totais de 2013 - que incluem também os dados de motocicletas, caminhões e ônibus - chegaram a 5,486 milhões de unidades, retração de 2,2% em relação a 2012, de acordo com a entidade que representa os distribuidores.

O resultado do cômputo geral reflete a forte retração da venda de motos, que teve baixa de 7,44%, para 1,516 milhão de unidades O dado de caminhões, inflado por incentivos do governo, teve alta de 14,36% na mesma base de comparação, para 191,3 mil unidades.

Em dezembro, nem o apelo das montadoras para que os consumidores aproveitassem o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - que começou a ser retirado no dia 1º de janeiro - foi suficiente para que as vendas subissem em relação a dezembro de 2012.

No mês passado, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves atingiram 335,9 unidades, baixa de 2,27% na comparação com as 343,7 de igual mês do ano anterior. A expansão em relação a novembro foi de 16,57%. As vendas de caminhões subiram 15,76% em relação a igual mês do ano anterior e 23,82% sobre novembro, com um total de 14,5 mil unidades.

No caso das motos, um mercado que vive uma crise no País, houve crescimento de 1,87% dos emplacamentos sobre dezembro de 2012, para 140,6 mil unidades. A alta foi de 15,02% na comparação com novembro.

Novo ano

Para 2014, a perspectiva mais otimista dos distribuidores de veículos é que o mercado de automóveis e comerciais leves, no máximo, repita o resultado do ano passado. Esse cenário mais favorável considera um ano sem grandes "soluços" econômicos, em que inflação não ultrapasse o teto da meta, de 6,5%, e câmbio que não avance além do patamar de R$ 2,50.

Já as vendas de caminhões e ônibus, que cresceram 14,36% em 2013, para 191,319 mil unidades, devem subir 5,73% em 2014, também no melhor dos cenários. Dentro do mesmo raciocínio, espera-se estabilidade para a venda de motocicletas em relação ao ano passado.

O pior cenário considera um ano com maior volatilidade diante da conjuntura econômica internacional e também por fatores internos, como as eleições presidenciais de outubro. Nesse caso, a estimativa é de que 3,45 milhões de automóveis e comerciais leves sejam vendidos no País, o que representaria queda de 3,5% sobre o total de veículos emplacados de 2013.

Também no cenário menos favorável, a venda de caminhões e ônibus neste ano subiria 1,63%, enquanto a de motos teria uma retração de 4,5%.