Cabral volta a usar o helicóptero oficial para passeios particulares

Governador chegou a percorrer trecho de 5 quilômetros de helicóptero - entre o Aeroporto Santos Dumont, no Centro, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul

10 DEZ 2013 • POR • 19h53

O governador Sérgio Cabral (PMDB) voltou a usar o helicóptero oficial em curtos deslocamentos e para passeios particulares. Relatório de Controle de Utilização de Aeronaves, publicado no site da Secretaria de Estado da Casa Civil, mostra que o governador chegou a percorrer trecho de 5 quilômetros de helicóptero - entre o Aeroporto Santos Dumont, no Centro, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul.

Em três ocasiões - 19 de setembro, 2 de outubro e 28 de novembro -, o governador voou, sempre por volta das 10 horas, entre o heliponto da Lagoa Rodrigo de Freitas e o Palácio Guanabara. No site, consta a informação de que o motivo da viagem foi para participar de "reunião de trabalho". De acordo com a assessoria de Imprensa do governador, ele usou helicóptero "pela necessidade de deslocamentos ágeis em função da agenda".

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Cabral voava constantemente para chegar ao trabalho e a família dele, acompanhada de empregados, também era transportada até a casa de veraneio, em Mangaratiba, na Costa Verde. As viagens foram interrompidas depois de reveladas pela revista Veja e de terem se tornado mote de manifestações de rua, contrárias ao governador.

Em 5 de agosto, Cabral assinou o decreto 44.310, em que disciplina o uso das aeronaves oficiais. A norma estabelece que somente o governador, o vice-governador, secretários, entre outras autoridades, estão autorizados a voar. Mas os filhos mais novos de Cabral, Tiago e Mateus, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e uma empregada, voltaram a se deslocar entre Mangaratiba e o Rio. Nesta terça-feira, 10, o governador disse que segue orientação da Subsecretaria Militar da Casa Civil para as viagens a Mangaratiba. Cabral alegou correr risco por causa do enfrentamento ao tráfico de drogas.

"Isso não é mistério, não é segredo, está no site. É uma determinação da Subsecretaria do gabinete Militar. Infelizmente, o fato de ser governador me impõe para enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas. Para ganhar esse jogo, que é um jogo muito difícil, de muita luta, o Gabinete Militar impõe a mim e à minha família restrições. Eu tenho que segui-las por uma questão de segurança", afirmou o governador.

O governador e sua família usaram o helicóptero oficial em cinco domingos consecutivos, entre 13 de outubro de 10 de novembro, para voltar de Mangaratiba para o Rio, conforme mostrou o site UOL. O relatório mostra que os filhos e a mulher do governador não foram de helicóptero para Mangaratiba.

"O processo de enfrentamento da criminalidade no Estado do Rio nos últimos anos (...) acarreta riscos para os seus responsáveis, em especial o governador, que é em última análise o comandante desse processo. A Subsecretaria Militar da Casa Civil, com base em relatórios sigilosos, não abre mão do uso de helicópteros nos deslocamentos do governador e de sua família para a sua residência, em especial levando em conta a regularidade de dias, horários e destino das viagens", justificam o subsecretário Militar da Casa Civil, Fernando Messias, e o superintendente de Segurança, Augusto César Benac, em nota divulgada à imprensa.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) criticou a postura do governador. "Mostra que o surto de humildade que ele teve, pedindo um conselho de ética, dizendo que ia repensar suas atitudes, foi jogo de cena pela pressão que estava nas ruas. Passado esse momento, ele volta a agir com desprezo aos recursos públicos e à opinião pública", afirmou. O Ministério Público havia arquivado representação em que Freixo pedia investigação do uso de helicópteros oficiais. O deputado recorreu ao Órgão Especial do MP.