Baixa aprovação faz petistas pressionarem Haddad

Pesquisa Datafolha mostrou que o prefeito não recuperou nenhum ponto da popularidade perdida nos protestos de junho, 18% de aprovação, mesmo índice que tinha nas manifestações

3 DEZ 2013 • POR • 12h16

A manutenção dos baixos índices de popularidade do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, preocupa a cúpula do PT, o governo Dilma e a equipe que cuida da campanha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo paulista. Em conversas reservadas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica a "teimosia" de Haddad em fazer um governo "eminentemente técnico" e o PT pressiona o prefeito a mudar a equipe.

Pesquisa Datafolha publicada ontem mostrou que Haddad não recuperou nenhum ponto da popularidade perdida nos protestos de junho - ele tem 18% de aprovação (ótimo ou bom), mesmo índice que tinha no auge das manifestações.

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Lula esteve com Haddad há cerca de duas semanas e tentou animá-lo. Disse que o "inferno astral" do primeiro ano de governo estava no fim, mas aconselhou-o a não descuidar da política na administração. "Você precisa de técnicos para tocar o barco, mas quem faz o governo andar é a política", disse Lula. Para o ex-presidente, Haddad não consegue virar o jogo a seu favor porque associou sua imagem a uma sucessão de problemas e más notícias.

O desgaste começou em junho, quando manifestantes foram às ruas protestar contra o aumento da tarifa de ônibus. Após muita resistência, Haddad cedeu, mas, para dirigentes do PT, pareceu que obedecia a ordens do governador Geraldo Alckmin (PSDB), quando poderia ter "faturado" politicamente o recuo.

Em conversas reservadas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica a

Depois vieram o aumento do IPTU e a investigação da máfia dos fiscais, instalada na Prefeitura. Para o PT, Haddad não soube aproveitar a "faxina" administrativa, que atingiu o secretário municipal de governo, Antônio Donato (PT), coordenador de sua campanha, e não só o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Para a cúpula do PT o prefeito "errou" ao colar sua imagem à investigação, como se fosse "um promotor". A fim de neutralizar mais danos, dirigentes do partido querem agora que o prefeito indique para a Secretaria de Governo um nome que tenha trânsito com Lula e o PT e faça a "ponte" com as campanhas de Padilha e da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

Após a queda de Donato, Haddad nomeou interinamente o secretário adjunto, Roberto Garibe. O PT quer a ida de José di Filippi Jr., secretário municipal de Saúde, para essa cadeira. Filippi foi tesoureiro da campanha de Dilma e tem ótimo relacionamento no PT. Haddad, no entanto, não pretende levar o secretário de Saúde para a vaga.

Apesar da desconfiança do PT, Haddad acredita que sua popularidade subirá nos próximos meses, na esteira de ações de combate à corrupção promovidas pela Controladoria-Geral do Município e também da adoção do Bilhete Único Mensal.

A "faxina" é vista como nova marca da gestão, que será "turbinada" com a contratação de mais auditores para atuar na Controladoria. (Colaborou Artur Rodrigues).