Jovens são a favor da reprovação de alunos nas escolas públicas

Segundo pesquisa, cerca de 90% vê o ato como uma forma de melhorar as pessoas e o Brasil

25 NOV 2013 • POR • 14h37

Apesar dos investimentos dos últimos anos do país em educação, os índices ainda são bem baixos. De acordo com o Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, temos a 3ª maior taxa de evasão escolar entre cem países e, segundo dados coletados pela Pnad - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, apenas 50% concluem o ensino médio até os 19 anos, idade considerada "esperada".

Essa realidade também parece não agradar a juventude. Na pesquisa realizada pelo Nube, o resultado transpareceu a importância da discussão sobre o tópico. A pergunta, “Você é a favor das escolas públicas reprovarem alunos com baixo rendimento?”, visível no site entre 4 e 15 de novembro, contou com 7.495 votantes, entre 15 e 26 anos.

Leia Também

Prova do Enade hoje será feita por 196,8 mil alunos

Fuvest realiza hoje primeira fase do vestibular 2014

Para alunos, Unesp foi mais fácil do que Enem

Ensino sobre história africana ainda é escasso

Enem: 30 mil participam da edição de presos e adolescentes em unidade de internação

As opções de resposta abordavam quatro possibilidades. A grande vencedora “Sim, aprovar quem não sabe só traz prejuízos para a pessoa e para o Brasil”, obteve 64,27% dos votos; em segundo lugar “Sim, só deve passar quem se esforça e sabe do assunto”, ficou com 25,32% ; “Não, a educação é ruim e reprovar não vai mudar nada”, se manteve em terceiro, com 9,18% e “Não, isso irá lotar as salas de aula” finalizou na última posição, tendo recebido apenas 92 votos ou 1,23% do total.

De acordo com Henrique Ohl, analista de treinamento do Nube, ao avaliarmos as duas escolhas com maior votação, somando quase 90% dos participantes, notaremos dois pontos importantes. Primeiro, a maioria percebe a ineficiência do atual sistema de aprovação nas escolas públicas. “E isso é ótimo, afinal demonstra a insatisfação da população em relação à metodologia”, enfatiza. Segundo ponto, “grande parte (64,27%) acredita na falha no processo de ensino como exclusividade do sistema de aprovação, enquanto 25,32% crê no fato de o aluno ser co-responsável por seu aprendizado”.

Para ele, isso é interessante, pois mostra o interesse do estudante em envolver-se no próprio processo de aprendizagem, fator capaz de torná-lo mais responsável e apto para reivindicar, de maneira consistente e ativa, melhorias no quadro educacional brasileiro.

“Para uma educação satisfatória, devemos perceber o educando imerso em um contexto com várias influências para seu desenvolvimento, como família e relacionamentos”, explica Ohl. Segundo ele, o problema não é a aprovação automática, “mas sim, considerar apenas essa ação como suficiente para solucionar nossos problemas”, complementa.

Logo, outras iniciativas são necessárias e possíveis, como por exemplo, envolver e conscientizar os pais e os alunos no processo de aprendizagem e na importância dos estudos. “Considerando uma visão holística, se por um lado existem os desinteressados e, do outro, métodos insatisfatórios, encontrar uma maneira de alinhar expectativas da população e as possibilidades das instituições de ensino, pode ser uma das alternativas diferencias positivas frente às metodologias atuais”, conclui o analista.