Governo terceiriza atendimento na Cracolândia

Novo espaço de convivência e internação que terá até "moradias de crise" para 30 dependentes químicos, em pleno quarteirão onde há consumo aberto da droga, foi criado

25 NOV 2013 • POR • 10h37

Após sucessivos fracassos na tentativa de acabar com a Cracolândia, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu terceirizar o atendimento aos usuários de crack da região central de São Paulo com um novo espaço de convivência e internação que terá até "moradias de crise" para 30 dependentes químicos, em pleno quarteirão onde há consumo aberto da droga.

A Secretaria de Estado da Saúde abriu sábado, 23, concorrência para que uma Organização Social de Saúde (OSS) gerencie a unidade do Programa Recomeço que ficará na Rua Helvetia, 55, no coração da Cracolândia. O local vai oferecer atividades esportivas e culturais para 100 usuários por dia, 21 leitos para desintoxicação, além de dormitórios onde os dependentes poderão morar por até três meses.

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"A gente chama isso de linha de cuidado. Do contato mais superficial, passando pela desintoxicação, até a moradia para reinserção social, o paciente terá um tratamento mais intensivo no mesmo ambiente, o que aumenta a chance de dar certo", disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do programa. "O grande desafio é como empurrar aquelas pessoas na rua para o tratamento."

A ideia é que ao menos o centro de convivência, que funcionará de segunda a sábado, esteja em operação até fevereiro. Já a estrutura completa, que foi espelhada em modelos adotados em Nova York, nos EUA, deve ficar pronta em seis meses.

O local servirá como retaguarda ao Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), que funciona a 1,4 km da Cracolândia e atende cerca 30 usuários 24 horas por dia. Quem optar pelo tratamento será encaminhado para a Helvetia, onde poderá ficar até quatro semanas na enfermaria de desintoxicação, antes de subir para a moradia assistida.

Segundo Laranjeira, a terceirização do atendimento para uma OSS visa a dar agilidade operacional ao projeto. "Será preciso fazer uma reforma rápida no prédio, contratar e treinar profissionais. Isso exige uma agilidade que, se fosse pela administração direta, seria difícil porque teríamos de fazer licitação e concurso público", disse. Serviço semelhante já é feito, por exemplo, no Hospital Lacan, em São Bernardo, Grande São Paulo, que tem 120 leitos.

Solução

Para Laranjeira, porém, para acabar com a Cracolândia será preciso também "intensificar o combate ao tráfico de drogas" na região. Em janeiro de 2012, a Polícia Militar chegou a prender mais de 100 traficantes numa megaocupação que espalhou usuários de drogas para outros 27 bairros.

À época, a ação foi criticada porque havia pouca opção de atendimento aos usuários. Hoje, mesmo com um equipamento inaugurado pela Prefeitura, cerca de 600 usuários habitam a Cracolândia. "Do ponto de vista da saúde não tem mais o que fazer", disse Laranjeira.