Assessor investigado em SP pede demissão por e-mail

Tony Nagy foi nomeado para o cargo em fevereiro e não entregou à Prefeitura da capital paulista a declaração patrimonial obrigatória aos funcionários públicos municipais da cidade

21 NOV 2013 • POR • 15h36

Investigado pela Controladoria-Geral do Município (CGM) de São Paulo por suposto enriquecimento ilícito, o assessor especial da Secretaria Municipal do Trabalho Tony Nagy viajou para a Europa e pediu demissão do cargo por e-mail, de acordo com o secretário Eliseu Gabriel (PSB). "Ele (Tony Nagy) viajou para a Europa, já levou 14 faltas e vai ser exonerado. Ele mesmo mandou e-mail pedindo para ser exonerado. Primeiro, por causa dessa confusão toda. Também para se defender, se que é que ele tem de se defender de algo, é melhor que esteja fora da secretaria", disse Gabriel.

Segundo o secretário municipal do Trabalho de São Paulo, o então assessor especial da pasta viajou para fora do País no dia 29, um dia antes da prisão dos quatro auditores fiscais acusados de desviar até R$ 500 milhões da Prefeitura da capital paulista cobrando propina para reduzir impostos. "Ele queria uma licença não remunerada e eu disse que não podia. Falou que era uma viagem longa e foi mesmo assim", afirmou Gabriel.

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Tony Nagy foi nomeado para o cargo em fevereiro e não entregou à Prefeitura da capital paulista a declaração patrimonial obrigatória aos funcionários públicos municipais da cidade. A reportagem apurou que o ex-assessor especial da Secretaria Municipal do Trabalho de São Paulo é suspeito de ter relações com a quadrilha que fraudava impostos e tem uma casa lotérica em Moema, na zona sul do município, a exemplo de outros auditores suspeitos. Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), os fiscais usavam os estabelecimentos para lavar dinheiro fruto da corrupção.

O secretário municipal do Trabalho disse não acreditar que Tony Nagy tenha relação com o bando. "Não tem a menor possibilidade. O dinheiro dele é dele mesmo. Ele trabalha muito com atividade relacionada a imóveis tombados. Não tem nada a ver com esses caras", disse. Gabriel declarou também que soube nesta quinta-feira, 21, que Tony Nagy não fez a declaração de patrimônio à Prefeitura da capital, mas que os R$ 140 mil doados por ele à campanha a vereador de 2012 estão dentro da lei. "Ele tem outras atividades, tem outros trabalhos. Se tivesse qualquer coisa errada nessa doação, se ele fosse incompatível, a Justiça Eleitoral teria constatado no primeiro dia. Foi tudo declarado", disse.

Além da lotérica, a família de Tony Nagy tem uma empresa chamada Aprov Projetos e Regularizações de Documentos Ltda., que presta consultoria de outorga onerosa, quando o empreendedor paga a mais à Prefeitura da cidade para construir acima do limite legal, e outra com o nome de Nagy Administração de Bens Ltda.

Foi o ex-assessor especial da Secretaria Municipal do Trabalho quem contratou para trabalhar no gabinete de Gabriel na Câmara Municipal a advogada Verônica Horle Barcellos, irmã do auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, um dos presos sob a acusação de desviar até R$ 500 milhões. Ao MPE, Eduardo Horle Barcellos garantiu que pagou R$ 20 mil por mês ao ex-secretário do Governo Municipal Antônio Donato, entre 2011 e 2012. Donato nega, mas pediu demissão do cargo na gestão Fernando Haddad (PT).

Além do valor expressivo da doação eleitoral, a lei define que uma pessoa física pode conceder no máximo 10% da renda bruta anual. Tony Nagy demonstrava ostentar dinheiro. Ele mora numa cobertura duplex na Vila Leopoldina, zona oeste, e ia trabalhar às vezes com um Porsche, por vezes com uma BMW.

"Ele é um cara muito excêntrico. O que ele tem de genialidade, de conhecimento técnico, por outro lado, ele tem essa personalidade", disse o secretário municipal do Trabalho da Prefeitura, sobre o ex-assessor especial, com quem trabalhava desde 2009. Tony Nagy não foi localizado para comentar o caso.