Para Serra, PSDB sofre de ‘bovarismo’

O ex-governador, que também pleiteia a vaga fez críticas ao partido e censurou indiretamente o rival - que é presidente nacional da legenda

9 NOV 2013 • POR • 01h55

No momento em que o senador Aécio Neves articula com o PSDB a antecipação da escolha do seu nome como candidato do partido à Presidência em 2014, o ex-governador José Serra, que também pleiteia a vaga, fez nesta sexta-feira, 08, críticas ao partido e censurou indiretamente o rival - que é presidente nacional da legenda.

Durante um evento em São Paulo organizado pela juventude tucana, ele dividiu suas queixas em quatro pilares: "regionalismo", "mercadismo"."colunismo" e "bovarismo". O ex-governador citou o clássico Madame Bovary, de Gustave Flaubert, para dizer que o PSDB tem a síndrome do "bovarismo" porque "tem necessidade de ser aceito pelo PT".

Leia Também

Dilma participa da entrega de plataforma em Rio Grande

Lula intervém e Dilma consolida palanques no Sudeste

País vive crise de expectativa, diz Campos

Avaliação de Dilma Rousseff segue estagnada

Dilma tem 'monopólio da aparição', diz deputado tucano

"Que me desculpem as mulheres, pois a coisa é mais complexa do que isso. Mas o problema da Madame Bovary é querer ser aceita pelo outro lado. Ela vai à loucura, quebra a família e trai o marido com Deus e todo mundo para ser aceita. O PSDB tem um pouco do bovarismo, de precisar ser aceito pelo PT".

Serra usou o leilão do campo petrolífero de Libra para exemplificar sua metáfora e mostrar que o partido não sabe criticar o governo Dilma Rousseff. "Eles fazem um leilão mal feito, como o do campo de Libra. O que faz o PSDB? Sai dizendo: ‘olha aí, eles falaram que eram contra a privatização, mas estao fazendo’. Isso dá voto? Nenhum."

No caso do "mercadismo", o ex-governador criticou o discurso programático do PSDB. "Se confunde o fato de que a economia tem que ser mais aberta com a ideia de que o mercado vai resolver tudo."

Sobre o regionalismo, o ex-governador disse que esse "instrumento" não pode ser usado em "eventuais lutas internas". Em outro momento, disse que muitos tucanos "trabalham contra o erário", mas não citou nome.

Já no tópico sobre o "colunismo", Serra reclamou que a política no PSDB tem sido feita "por versões aqui e acolá". e disse que os tucanos "estão entrando nessa". "O colunismo é a maneira de fazer política pelas colunas dos jornais, e não pelo debate. Por exemplo: chegou aqui a notícia de que eu roubei o Aloysio (Nunes Ferreira) do Aécio, que está em Manaus", disse Serra. "Você não precisa me roubar, eu sou seu", respondeu o senador paulista.

Apesar de ter dito que estava fazendo uma autocrítica do PSDB, Serra afirmou aos jornalistas depois do evento que seus comentários foram "suprapartidários".

O encontro de hoje, realizado na sede do PSDB paulista, foi o primeiro evento que o ex-governador contou com uma claque de deputados, vereadores e dirigentes partidários desde que decidiu permanecer na legenda e começou a rodar pelo Brasil se apresentando como opção para disputar o Palácio do Planalto em 2014. O senador Aloysio Nunes, que tem sido companhia frequente de Aécio em suas atividades políticas, participou pela primeira vez de um ato ao lado de Serra. Questionado sobre a escolha de um candidato a vice-presidente paulista em uma eventual chapa encabeçada por Aécio, o ex-governador se irritou. "Quem tem prazo não tem pressa. Não concordo nem discordo."