Bili assume prefeitura de São Vicente com greve geral

O futuro prefeito tomará posse do Governo com a folha de dezembro e abonos atrasados.

29 DEZ 2012 • POR • 11h43

O prefeito eleito de São Vicente Luis Cláudio Bili (PP) começará seu mandato no enrosco: minimizar os efeitos da greve geral dos servidores, deflagrada nesta sexta-feira (28), pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Vicente (SindservSV). Até as 14 horas desta sexta, a Prefeitura não havia depositado os salários de dezembro e os abonos atrasados.

No final da manhã, cerca de 200 funcionários públicos se concentraram em frente ao Paço Municipal, para pressionar o Governo. O prefeito Tércio Garcia não estava na Prefeitura e nem a assessoria de imprensa soube dizer onde ele estava.Um manifestante disseque ele e a família estavam em Guarujá, em função do filho do prefeito ter postado no Facebook a satisfação de poder curtir o Réveillon na Cidade.

Os funcionários, sob o comando do Sindicato, portavam faixas, apitos e narizes de palhaço. Uma viatura da Guarda Municipal bloqueou a rua para garantir a segurança. José Pereira da Silva, que representava os transportadores autônomos que prestam serviços à Municipalidade, disseque cerca de 120 profissionais não recebem há oito meses. “Já conversei com todo mundo e ninguém resolve a situação. Em 14 de dezembro, recebemos meio salário”, revelou.

O professor Heitor Fernandes,junto com um grupo de docentes, disse que o Município recebeu mais de R$ 160 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e os professores não receberam salário. “O que fizeram com esse dinheiro eu não sei. Um monte de professores que, para estar dentro da escola, foi trabalhar em campanha eleitoral. Houve muito desvio de função. Fizeram isso de sacanagem porque perderam a eleição. Queremos nossos salários porque cumprimos nossa obrigação”, disse revoltado, alertando que quase dois mil professores devem passar o Réveillon magro .

A presidente do sindicato,Mara Valéria Giangiulio, estava irritada com a situação. Desde quarta-feira (26) ela vinha mantendo contato com o prefeito que prometeu o pagamento. “Eu liguei agora há pouco (14h30)e deu caixa postal. A assessoria não sabe de nada. Já avisei o Bili (prefeito eleito) que vamos entrar em greve e só retornaremos com dinheiro no bolso”. Mara acredita que todas as categorias devem cruzar os braços.

A ideia é que, no início de 2013, apenas 30% dos funcionários públicos da saúde, vigilância e trânsito sejam mantidos nos postos de trabalho(obrigatório por lei). O imbróglio ocorre há meses em São Vicente porque,segundo o sindicato, o prefeito e o secretário de Saúde e da Fazenda, Cláudio França, não estariam cumprindo o prometido.Os funcionários estariam sofrendo para receber vale transporte, cesta básica e horas extras.

Mara já havia revelado que os atrasos de benefícios são constantes e provocam desequilíbrio nas contas dos trabalhadores.

Prefeitura

Em nota oficial, a Prefeitura informa que, nos últimos oito anos, nunca deixou de pagar o salário dos servidores. Mas, infelizmente, diante da queda na receita nos últimos quatro meses, a Prefeitura não conseguiu arrecadação suficiente, até o começo da tarde de sexta-feira, para pagar o salário de dezembro. A Prefeitura aguarda até a meia-noite para verificar o saldo da arrecadação. A expectativa é de que a arrecadação permita que se atinja o montante necessário, cerca de R$ 10 milhões, para a quitação da folha de dezembro.

A Prefeitura vem enfrentando,nos últimos quatro meses,uma queda de receita por conta da redução dos repasses dos impostos federais da ordem de 25 %, em média. A crise não permitiu à Prefeitura cumprir seu orçamento deste ano, de R$ 718 milhões,executando apenas R$ 620 milhões. Mesmo assim, conseguiu pagar o 13º salário. O mês de dezembro foi mais curto, com os feriados, o que também prejudicou a arrecadação.