Teste simples que identifica Alzheimer em estágio inicial é criado

O teste pode já ser aplicado em hospitais de todo o mundo porque utiliza de um aparelho de ressonância magnética, presente em muitas unidades

21 JUN 2022 • POR Gazeta de S. Paulo • 14h25
Descoberta pode ser uma das mais importantes da medicina nos últimos anos - Tomaz Silva/Agência Brasil

Cientistas podem ter feito uma das descobertas mais importantes da medicina dos últimos anos. Eles desenvolveram um teste relativamente simples de ser disponibilizado em todo o mundo para identificação da doença de Alzheimer, ainda que ela esteja em estágios iniciais. Até então, a doença, geralmente, era identificada nos estágios mais avançados.

Os autores do trabalho, um grupo de cientistas do Reino Unido, informaram que os hospitais de todo o mundo já poderiam aplicar estes testes, pois a técnica descoberta utiliza um equipamento de ressonância magnética que geralmente já está disponível nestas unidades. O texto conta com informações do "R7".

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A técnica desenvolvida utiliza conceitos de aprendizado de máquina (inteligência artificial) para interpretar os dados obtidos na ressonância magnética tradicional e assim diagnosticar a doença. Assim, os pesquisadores chegaram a um teste com precisão considerada alta 79% dos pacientes.

"Atualmente, nenhum outro método simples e amplamente disponível pode prever a doença de Alzheimer com esse nível de precisão, portanto, nossa pesquisa é um importante passo à frente. Muitos pacientes que apresentam Alzheimer em clínicas de memória também têm outras condições neurológicas, mas mesmo dentro desse grupo nosso sistema pode distinguir os pacientes que têm Alzheimer daqueles que não têm", explica em comunicado o principal autor do estudo, o professor Eric Aboagye, do Imperial College London.

O Alzheimer é uma doença para a qual não existe cura, mas o diagnóstico precoce permite que o paciente tenha acesso a tratamentos que ajudam a atrasar o avanço dos sintomas. 

Atualmente, o diagnóstico de Alzheimer é realizado por meio de testes em consultório e alguns exames de imagem, mas geralmente são executados somente quando o paciente já tem algum nível de comprometimento cognitivo.

"Esperar por um diagnóstico pode ser uma experiência horrível para os pacientes e sua família. Se pudéssemos reduzir o tempo de espera, tornar o diagnóstico um processo mais simples e reduzir um pouco da incerteza, isso ajudaria muito", complementa o pesquisador.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 55 milhões de pessoas vivem atualmente com demência em todo o planeta, das quais entre 60% e 70% têm Alzheimer.

Com o envelhecimento da população, estima-se que a demência poderá atingir 78 milhões de pessoas daqui a oito anos e 139 milhões até 2050.

O Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos lista os seguintes sintomas associados ao Alzheimer inicial:

• Perda de memória
• Dificuldade de julgamento, que leva a más decisões
• Perda de espontaneidade e do senso de iniciativa
• Mais lentidão para completar as tarefas diárias normais
• Perguntas repetidas
• Problemas para lidar com dinheiro e pagar contas
• Ficar vagando e se perder
• Perder coisas ou colocá-las em lugares estranhos
• Mudanças de humor e personalidade
• Aumento da ansiedade e/ou agressividade

Os sintomas em casos moderados envolvem:

• Aumento da perda de memória e confusão
• Incapacidade de aprender coisas novas
• Dificuldade com a linguagem e problemas com leitura, escrita e trabalho com números
• Dificuldade em organizar pensamentos e pensar logicamente
• Tempo de atenção reduzido
• Problemas para lidar com novas situações
• Dificuldade em realizar tarefas de várias etapas, como se vestir
• Problemas para reconhecer familiares e amigos
• Alucinações, delírios e paranoia
• Comportamento impulsivo, como despir-se em momentos ou locais inadequados ou usar linguagem vulgar
• Explosões de raiva inapropriadas
• Inquietação, agitação, ansiedade, choro, perambulação — especialmente no final da tarde ou à noite
• Declarações ou movimentos repetitivos, espasmos musculares ocasionais

Os quadros mais avançados de Alzheimer costumam apresentar:

• Incapacidade de se comunicar
• Perda de peso
• Convulsões
• Infecções de pele
• Dificuldade para engolir
• Gemidos ou grunhidos
• Aumento do sono
• Perda do controle do intestino e da bexiga