Eleições 2022

Para aliados de Lula e Alckmin, Moro e Ciro atacam chapa em tática contra afunilamento

Pesquisa Datafolha de dezembro mostrou chance de Lula vencer no primeiro turno. O ex-presidente alcançou 48%, seguido de Jair Bolsonaro (PL), com 22%, Moro (9%) e Ciro (7%)

28 JAN 2022 • POR Folhapress • 12h14
Para apoiadores da chapa Lula-Alckmin, ela dá uma espécie de nó nos discursos que pintam o petista como radical - Reprodução/ Redes Sociais/ Montagem DL

Os recentes ataques de Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) à chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Geraldo Alckmin (sem partido) foram vistos por aliados próximos do petista e do ex-tucano como tática para barrar uma eventual vitória do ex-presidente no primeiro turno.

A avaliação, entre entusiastas da composição, é a de que Moro e Ciro, que brigam pela terceira colocação, buscam desgastar a dobradinha para subirem nas pesquisas e forçarem o segundo turno. Apesar do discurso de que é preciso evitar clima de "já ganhou", petistas mais otimistas cogitam ser possível liquidar o pleito na primeira etapa.

Moro disse nesta quarta-feira (26) que é necessário ter "uma cara nova" nas eleições. "Tem esse movimento do ex-governador Alckmin em direção do PT. Será que é tão diferente assim?", discursou. Ciro, nesta quinta (27), sugeriu que a aliança atende apenas a "interesses pragmáticos" e já embute uma crise. A menção à chapa representa uma novidade na retórica recente de ambos.

Outra hipótese aventada para a estratégia do ex-juiz foi a tentativa de desviar o foco das atenções sobre o controverso contrato com a consultoria Alvarez & Marsal, alvo de processo no TCU (Tribunal de Contas da União) e de pedido de investigação no MPF (Ministério Público Federal).

Pesquisa Datafolha de dezembro mostrou chance de Lula vencer no primeiro turno. O ex-presidente alcançou 48%, seguido de Jair Bolsonaro (PL), com 22%, Moro (9%) e Ciro (7%). As campanhas de Moro e Ciro, contudo, descrevem como improvável a manutenção de uma dianteira tão ampla pelo petista.

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O diagnóstico feito por um dirigente do PT é o de que a chamada terceira via está se inviabilizando, o que faz a eleição ficar concentrada nos dois adversários principais. Para apoiadores da chapa Lula-Alckmin, ela dá uma espécie de nó nos discursos que pintam o petista como radical.

Trabalhar pela expectativa de segundo turno seria, portanto, a única forma de outros postulantes se manterem vivos na corrida, evitando o afunilamento da disputa entre o ex-mandatário e o atual.

O cálculo não exclui, porém, a possibilidade de Bolsonaro dar sinais de melhora ou lançar uma cartada surpreendente, como desistir de tentar a reeleição e apoiar um nome indicado pelo centrão, o que mudaria toda a configuração do cenário.

As tratativas para a construção da chapa foram reveladas pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, em novembro, e avançaram de maneira considerada até mesmo surpreendente por políticos que participam das negociações. Falta ainda Alckmin, que deixou o PSDB em dezembro após 33 anos, se filiar a um novo partido.
O arranjo original prevê que ele ingresse no PSB, mas as negociações esbarraram em entraves relacionados aos palanques regionais do PT, que resiste a abrir mão de candidatura própria em estados como São Paulo e Espírito Santo para abrir caminho para postulantes da outra legenda.

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