Artigo - Casa Amarela e FAUS

11 NOV 2021 • POR • 19h11

Em 15 de outubro, coincidentemente no dia dos professores, foi divulgada a informação sobre a desativação do Campus Boqueirão, onde funcionam os cursos de Direito e de Arquitetura da Universidade Católica de Santos. De a cordo com o noticiado, os alunos seriam remanejados para outro Campus e a área devolvida para a Mantenedora da entidade, que ficaria responsável pelo futuro dos prédios, o que ainda não foi definido.

Esta notícia, em momento algum negada pela instituição, indignou e entristeceu inúmeras pessoas da Baixada Santista, mobilizando alunos, ex-alunos, políticos e a comunidade em geral. Houve pedidos de tombamento do imóvel. Uma ação judicial foi proposta e há um abaixo assinado buscando a preservação dos prédios. 

A situação pode ser analisada sob várias óticas: Trata-se de instituição privada (sem fins lucrativos); o Mundo ainda enfrenta os resquícios, principalmente econômicos, da pandemia de Covid-19; o prédio que abriga a Faculdade de Arquitetura foi um dos primeiros no Brasil projetado especialmente para abrigar essa modalidade de atividade. Mas vamos nos ater à produção do conhecimento.

Aquele local representa o lugar onde começaram os cursos de graus superiores em toda nossa Região Metropolitana. A Faculdade de Direito de Santos, a mítica Casa Amarela, surge antes mesmo da Universidade e, desde então, tem formado em suas fileiras advogados, juízes, promotores, desembargadores, procuradores (de estados, da Fazenda Nacional, do INSS), procuradores da República, delegados, ministros de Tribunais Superiores e até do Supremo Tribunal Federal, ministros de Estado, secretários de Governo, vereadores, deputados estaduais e federais, prefeitos e até um Governador. 

É inegável a contribuição da Casa Amarela para a formação intelectual e o desenvolvimento da Baixada Santista, além da formação de uma burocracia estatal necessária para tal. Além disso, há os inúmeros eventos que naquele local foram realizados, sejam debates eleitorais, manifestações pela retomada da autonomia administrativa de Santos ou pela volta de eleições diretas para Presidente da República. 

Quando surge a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos, a FAUS, essa passa a formar um segmento intelectual apto a pensar o desenvolvimento urbano, o crescimento sustentável das cidades, desenhar políticas habitacionais e de planejamento.

Entendemos que a Universidade pode dispor de seu patrimônio, mas nos parece que atua equivocadamente quando dispõe de um patrimônio imaterial da Região. Entendemos que deveria pensar outras formas de gerenciar a história, que, além da Universidade, passou a ser de inúmeras gerações não só da Baixada Santista, mas de todo o Estado de São Paulo e até mesmo do nosso País. 

* JOSÉ EDUARDO GUERRA JARDIM, MARTA IDÁLIA LEÓN, ÉDER SANTANA DE OLIVEIRA, EDUARDO VIEIRA BUSCH, Ex-Presidentes do Centro Acadêmico Alexandre de Gusmão

ALFREDO SIQUEIRA COSTA
Advogado, formado na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Santos