Artigo - Imagine se seu carro voasse

Está decolando mais uma incrível façanha profetizada pelos desenhos animados de décadas atrás: os carros voadores

16 OUT 2021 • POR Silvio Sebastião Pinto • 10h10
Silvio Sebastião Pinto, analista programador e escritor - DIVULGAÇÃO

A tecnologia é mesmo um vulcão em toda a sua fúria, em sua demonstração hipnótica de poder, descontrole e beleza. Poder porque a sua existência impõe rumos para a caminhada humana; descontrole porque não sabemos qual será a próxima descoberta ou invenção, pode surgir qualquer novidade e em qualquer lugar; e beleza porque é lindo ver a infinidade de possibilidades que podemos criar a partir de um punhado de minérios, estudos e muita persistência. 

Fomos criados do pó da Terra, e do mesmo pó também somos capazes de criar coisas tão grandiosas que às vezes ficamos assustados. E no final, em vez de calcularmos quanto vale a nossa existência calculamos apenas quanto custam os objetos que podemos criar. E diante dos nossos olhos, que não se acostumam com tantas surpresas, está decolando mais uma incrível façanha profetizada pelos desenhos animados de décadas atrás: os carros voadores. 

Rebeca Guillén, diretora de comunicação da Toyota na Espanha informou recentemente ao El País que a montadora deixou de ser uma empresa de automóveis para ser empresa de mobilidade, e isso implica oferecer qualquer tipo de serviço ou produto. E focada nessa ideia a Toyota investiu quase 400 milhões de dólares na startup Joby Aviation, para ter a sua própria versão de carros voadores. Carro é maneira de dizer, porque, no nosso conceito mais enraizado, se voa é avião ou helicóptero. Mas realmente já existem alguns modelos que encolhem as asas e têm rodas para andar dentro das cidades. Então são carros, voam e são elétricos, três perspectivas em um só produto, e já nascem com expectativa de incorporarem mais uma tecnologia em ebulição, poderão ser no momento seguinte autônomos, sem a necessidade de pilotos. Fantástico e assustador, mas perfeitamente possível até onde a vista alcança.

Serão veículos para viagens curtas, de até uns 250 Km, para 4 a 6 passageiros. Então será uma boa opção para sair de algum arranha-céu em São Paulo e chegar ao Shopping Praiamar, em Santos, em 20 minutos. Isso é lindo. E os preços não serão nenhum absurdo, espera-se que sejam cerca de um quinto do preço de um táxi aéreo atual de helicóptero. No site da empresa Flapper o preço para quatro pessoas de Congonhas até o Shopping Praiamar é a partir de 4 mil reais, assim o mesmo grupo pagaria 250 reais para cada pessoa. Para quem está acostumado a ir de UberX o sistema vai ser o mesmo, você entra no app e diz para onde quer ir.

Essa possibilidade já é real, e estará disponível nas lojas a partir de 2023. As empresas de aviação GOL e AZUL pretendem começar a operar voos regionais com esses carros até 2025, a GOL já até encomendou 250 unidades.

Mas como eu disse no começo deste texto, a tecnologia é algo que flui além do nosso controle, e a chegada da tecnologia acaba se tornando tema de preocupações, pois vai demandar regulações técnicas e procedimentos legais, e os governos de todo o mundo não sabem ainda como lidar com toda essa emanação de notícias boas, pelo menos do ponto de vista tecnológico. O limite de uma rodovia é a quantidade de automóveis que ela comporta, e se encher ou acontecer algum acidente, todos param e forma-se uma grande fila. Mas no espaço aéreo a história é outra, e por isso é preciso saber lidar com os limites de quantidade de veículos no ar, capacitação dos condutores, locais de pouso, rotas de tráfego para evitar colisões. Enfim, cada tecnologia nova exige um sem fim de novas leis, órgãos de controle, treinamento e muita, muita educação por parte dos usuários, para usufruir sem prejudicar os outros.

Aperte o cinto e deixe a sua imaginação voar, um mundo sem fronteiras está nascendo junto com o sol, toda manhã.

* Silvio Sebastião Pinto, analista programador e escritor