Brasil exporta 10 milhões de toneladas de milho; mas importação do cereal cresce 112%

Falta de planejamento e de política pública que priorize o abastecimento interno têm alimentado uma contradição que parece até piada de português

12 SET 2021 • POR • 14h40
A falta de planejamento e de uma política pública que priorize o abastecimento interno têm alimentado uma contradição que parece até piada de português - DIVULGAÇÃO

Por Nilson Regalado

A falta de planejamento e de uma política pública que priorize o abastecimento interno têm alimentado uma contradição que parece até piada de português. Só nos oito primeiros meses do ano, o Brasil exportou 9.980.749 toneladas de milho. Toda essa venda, feita em dólar, rendeu R$ 1 bilhão 840 milhões aos fazendeiros brasileiros. O problema é que faltou milho nas granjas de aves e suínos e isso fez a inflação subir...

Aí, no final de abril, o Governo Federal decidiu zerar o imposto de importação sobre o milho até 31 de dezembro para evitar o desabastecimento. Resultado: de janeiro a agosto, o Brasil já importou 1.227.486 toneladas do grão. Isso representou aumento de 112,2%, na comparação com o mesmo período de 2020, conforme os números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

Ou seja, os fazendeiros faturaram bastante em dólar, privatizando os lucros, enquanto o Governo Federal socializa o prejuízo ao abrir mão da receita com impostos que poderiam ser investidos em serviços públicos...

O milho é a base das rações para animais domésticos e de criação, além de ser matéria-prima para produção de alimentos para consumo humano. O grão também se transforma em etanol.

Recorde no arroz
Desde outubro de 2020, o Brasil não exportava tanto arroz. Segundo a Secex, só em agosto foram enviadas para o exterior 114 mil toneladas. Enquanto isso, segundo o Cepea/USP, as vendas de arroz em casca estão lentas no mercado interno devido à queda no poder aquisitivo dos brasileiros. Mesmo assim, o Indicador ESALQ/SENAR registrou alta de 7,45% em agosto, a maior média mensal dos últimos três meses, com a saca de 50 quilos cotada a R$ 77,18.

Recorde no açúcar
O açúcar fechou agosto com recorde no preço da saca de 50 quilos, cotada em R$ 137,36. E, segundo o Cepea/USP, as cotações continuam subindo. O volume vendido pelas usinas de SP nesta safra (abril a julho) foi 6% menor que o comercializado no mesmo período de 2020. O motivo é a quebra na safra.

Carne barata!
Deu na Reuters: o governo da Argentina estendeu as restrições à exportação de carne bovina até o final de outubro. O objetivo é reforçar o abastecimento interno e conter o aumento nos preços. As chamadas “retenciones” revoltam o agronegócio argentino...

Crianças e satélites
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) abriu na quarta-feira o ClubeDesign 2021, evento gratuito que apresenta a Ciência Aeroespacial a adolescentes da América Latina. As atividades são 100% on-line e instigam os jovens a desenvolver seus próprios satélites. Informações: inpe.br/cubedesign/2021/.

Livros à mão cheia
Pesquisa realizada pela Consultoria Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores apontou a venda de 3,77 milhões de livros no Brasil entre 19 de julho e 15 de agosto. Isso representou crescimento de 19,7% em relação ao mesmo período de 2020.

Filosofia do campo:
“Ler bons livros é como conversar com as melhores mentes do passado”, René Descartes (1596-1650), filósofo francês.