Anomalia climática no Atlântico, no Pacífico e no Índico ampliará seca no Brasil em 2022

Três fenômenos climáticos vão atuar simultaneamente nos próximos meses alterando a temperatura das águas no Hemisfério Sul do Planeta e essa combinação vai impactar a temporada de chuvas

22 AGO 2021 • POR • 12h08
Lagoa seca em Salvador, Bahia - JOASOUZA

Por Nilson Regalado

Três fenômenos climáticos vão atuar simultaneamente nos próximos meses nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico alterando a temperatura das águas no Hemisfério Sul do Planeta. E essa combinação vai impactar a temporada de chuvas no Centro-Sul do Brasil, que começa com a chegada da primavera. Porém, esses fenômenos serão mais intensos a partir de novembro e seus efeitos se estenderão até fevereiro. Portanto, o próximo verão deverá ser o segundo seguido com chuvas abaixo da média.

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Diante deste cenário, institutos de pesquisa já projetam que os reservatórios de hidrelétricas e as represas para abastecimento às residências não deverão recuperar os níveis históricos durante o verão e atravessarão a estação seca de 2022 com níveis críticos. Em 2021, o Brasil já enfrentou a maior crise hídrica dos últimos 91 anos. Então, prepare o bolso...

Os modelos climáticos apontam para uma nova temporada de La Niña devido ao iminente resfriamento das águas do Pacífico na costa oeste da América do Sul. Isso, por si só, já teria potencial para ampliar a estiagem na ‘Caixa D´água do Brasil’, região que fica entre Minas Gerais e Goiás. Esta área do Cerrado alimenta grandes reservatórios como Furnas e é o berço de rios importantes que ‘correm’ para as regiões Sul e Sudeste do País, além do São Francisco, que deságua entre Alagoas e Sergipe.

E o iminente aquecimento das águas do Atlântico a leste da América do Sul tende a concentrar as chuvas no mar, sem que elas atinjam o litoral brasileiro com a frequência habitual. Os dois cenários no Atlântico e no Pacífico foram identificados pelo modelo climático europeu.
Já a agência meteorológica australiana foi a primeira a confirmar o Dipolo do Oceano Índico. Esse fenômeno altera os ventos e estabelece temperaturas diferentes nas porções leste e oeste do Índico, afetando a pressão atmosférica na área de influência do Trópico de Capricórnio, linha imaginária que cruza São Paulo e Ubatuba.

Copo meio cheio...
O uso de bioinsumos cresce no Brasil. Na safra 2017/18 de soja, por exemplo, eles representavam 6%. Já no ciclo 2019/20, o volume subiu para 21%, segundo a Comissão Técnica de Oleaginosas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Os bioinsumos são produtos e tecnologias que têm origem animal, vegetal ou microbiana, e podem substituir insumos químicos como os pesticidas.

... ou meio vazio?
Está para ser votado a qualquer momento na Câmara dos Deputados o Projeto 6299/02. Entre outras coisas, o chamado ‘Pacote do Veneno’ retira dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente o poder de vetar novos agrotóxicos. O projeto também autoriza a venda de agrotóxicos sem prévia receita assinada por responsável técnico.

Vá plantar mandioca!
O conhecimento secular herdado dos indígenas ensina que esta é a melhor época do ano para se plantar mandioca, na lua crescente de agosto...

Filosofia do campo:
“Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora”, Rubem Alves (1933/2014), escritor mineiro.