Filha de Olavo de Carvalho diz que foi xingada de 'puta vagabunda' pelo pai e que ele não é cristão

Eleitora do PT desde 1988, quando ajudou a eleger Luiza Erundina, atualmente deputada federal, para a prefeitura de São Paulo, Heloisa se filiou ao partido na segunda-feira (21)

25 JUN 2021 • POR • 17h02
O bolsonarista Olavo de Carvalho. - Reprodução/Redes Sociais/Youtube

Heloisa de Carvalho, 51, era chamada de "anjinho" pelo pai, o escritor e guru bolsonarista Olavo de Carvalho, com quem mantinha uma boa relação até 2017, quando pararam de se falar. Na época, ela tentava interceder em nome do diretor de fotografia de um documentário sobre Olavo, que afirmava ter sido deixado de lado após a estreia da obra. 

"Estávamos no telefone quando ele disse: 'era tudo que me faltava, uma puta vagabunda se unir a um vigarista maconheiro para me f****'. Desligou na mesma hora e, ali, eu já vi que não me procuraria mais", conta Heloisa por telefone a Universa, de sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo. "Sempre tivemos conflitos de posicionamento político, mas nunca foi a ponto de nos afastarmos.".

Eleitora do PT desde 1988, quando ajudou a eleger Luiza Erundina, atualmente deputada federal, para a prefeitura de São Paulo, Heloisa se filiou ao partido na segunda-feira (21). Formada em direito, professora de artesanato e prestadora de serviços de editoração eletrônica, é também autora do livro "Meu Pai, o Guru do Presidente" (Kotter Editorial), lançado em 2019.

Para o ano que vem, pretende se candidatar a deputada estadual. Mas, ressalta, essa não é uma afronta ao pai, e sim ao que ele prega. "Minha bandeira é contra a 'olavosfera', o negacionismo e o obscurantismo". Alfabetizada adolescente porque o pai não achava necessário frequentar uma escola, também quer lutar pela educação, por projetos de combate à violência contra a mulher e de igualdade de gênero.

Depois do rompimento, diz, viu o pai tendo um comportamento cada vez mais machista em seus comentários e ataques. "Ficou mais descarado. Eu era a queridinha dele e acho que romper comigo soltou as bruxas nele para atacar mulheres", avalia. Ela afirma discordar das ideias de Olavo, principalmente em relação às críticas à esquerda, mesmo antes de se afastarem. Hoje, não tem contato com mais ninguém da família: mãe, sete irmãos e 15 sobrinhos. "Só sinto falta das crianças."

*Do UOL, da editoria UNIVERSA, por Camila Brandalise