Tenente Coimbra - Baixada Santista sofre os prejuízos do 'superferiado'

Decisões unilaterais não nos ajudarão a vencer essa batalha que não é apenas sanitária, mas também humanitária

24 MAR 2021 • POR • 06h20
Tenente Coimbra, deputado estadual - DIVULGAÇÃO

A partir desta sexta-feira (26/3), haverá na Capital um “superferiado” de 10 dias até o domingo de Páscoa (4/4). A decisão foi tomada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), sob a justificativa de conter a propagação do coronavírus. Foram cinco datas antecipadas: Corpus Christi (60 dias após a Páscoa); o Dia da Consciência Negra (20 de novembro, de 2021 e 2022); e o aniversário da São Paulo (25 de janeiro de 2022).

Não bastasse a medida ter sido tomada em uma decisão unilateral, já foi comprovado ainda no ano passado que a antecipação de feriados praticamente não altera os índices de isolamento social. Sem efetividade, o que pode acontecer é exatamente o contrário: aumentarmos as aglomerações porque muitas pessoas estarão “de folga”.

Ao não consultar outros prefeitos e o próprio governador João Doria, Covas ainda prejudicou o planejamento de contenção ao vírus de diversas outras cidades, entre elas, as da Baixada Santista, que acabarão recebendo milhares de turistas nesse período e, daqui a algumas semanas, poderão sofrer os prejuízos com o aumento de contaminações e maior taxa de ocupação dos leitos de UTI para a covid-19. Pensando nisso, os nove municípios da região decretaram lockdown desde esta terça-feira (23/3) para tentar diminuir a movimentação nas ruas.

A atitude do prefeito de São Paulo, além de não ter sido bem planejada e debatida e criar problemas para outras prefeituras, soa ainda irônica se lembrarmos que a mesma justificativa (de contenção ao coronavírus) foi usada para cancelar o Carnaval deste ano. Ele mesmo não demonstra coerência ao decidir se feriados, afinal, são bons ou ruins neste combate ao coronavírus.

Para além da confusão criada por essa medida, mais uma vez os estabelecimentos serão fechados e o resultado é previsível: mais pessoas desempregadas e passando por dificuldades. Os empreendedores sofrem com consequentes limitações desde o início da pandemia e, novamente, recebem um duro golpe. Terão de abaixar as portas e, consequentemente, não conseguirão receita para arcar com as despesas e os salários de seus funcionários.

Em um momento como o que vivemos, é de extrema importância o trabalho conjunto e o amplo debate em busca de soluções eficazes. Decisões unilaterais não nos ajudarão a vencer essa batalha que não é apenas sanitária, mas também humanitária. Bruno Covas não conversou sequer com os políticos que pertencem ao seu partido. Gerir a maior cidade do país exige medidas muito bem pensadas e estudadas, pois os reflexos atingem a toda população do Estado.

Tenente Coimbra, deputado estadual