Sindicato quer Hospital Irmã Dulce volte ao Poder Executivo

Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Praia Grande e vereadores criticam a situação do hospital na mão de terceiros

25 FEV 2021 • POR • 07h15
A SPDM é a atual administradora hospital de Praia Grande - Nair Bueno / Diário do Litoral

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Praia Grande, Adriano Roberto Lopes da Silva 'Pixoxó', inicia campanha para que o complexo hospitalar Irmã Dulce, terceirizado pela prefeitura e administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), volte para as mãos do Poder Executivo. A Prefeitura não se manifestou sobre a questão.

Pixoxó participou de audiência pública, na Câmara de Vereadores, na última segunda-feira (22), com o secretário municipal de Saúde, Cleber Suckow Nogueira, que apresentou as atividades da pasta no segundo quadrimestre de 2020e o plano municipal de saúde de 2018 a 2021.

Segundo o Sindicato, vários parlamentares criticaram a situação do hospital, inaugurado em maio de 2008, pelo então prefeito Alberto Mourão (PSDB), que consumiu recursos de R$ 28 milhões. Poucos dias após a inauguração, a Fundação ABC assumiu a administração do hospital e foi substituída pela SPDM em 1º de janeiro de 2019, após muitas denúncias de má gestão.

A Fundação deixou uma dívida trabalhista com mais de mil empregados terceirizados demitidos, que até agora não foram ressarcidos. As denúncias de má gestão vêm se repetindo em relação à SPDM. "Está mais do que provado e comprovado que esse regime de terceirização da saúde pública não corresponde às expectativas da população", declarou Pixoxó, depois de encerrada a audiência.

Antes disso, alguns vereadores sugeriram ao secretário de Saúde que a Prefeitura substitua a SPDM caso ela não corrija os muitos problemas denunciados pela população e funcionários do hospital.

O sindicalista proporá aos parlamentares, nos próximos dias, que iniciem um movimento para que a Prefeitura assuma a gestão e operação do complexo hospitalar, descartando definitivamente a terceirização. "Sei que enfrentaremos poderosos interesses econômicos e políticos, mas essa é a melhor alternativa para a saúde pública, que não pode ser objeto do lucro a qualquer custo, ainda que de vidas humanas", disse.

Pixoxó não apresentou essa proposta em seu discurso oficial, na audiência, mas diz que a defende há muito tempo. Segundo ele, "os funcionários municipais do setor são altamente qualificados".

Na audiência, Pixoxó requereu a Cleber Suckow melhores salários e condições de trabalho aos servidores da saúde, que "dão o melhor de si, humana e profissionalmente, sem a devida valorização".

MPT.

Vale lembrar que, recentemente, o juiz do Trabalho Francisco Charles Florentino de Sousa condenou a SPDM a adotar uma série de medidas para prevenir o contágio do coronavírus de todos servidores, prestadores de serviços de saúde - médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, maqueiros, residentes e terceirizados.

A decisão é resultado da ação civil pública, interposta pelo procurador do Trabalho Rodrigo Lestrade Pedroso, após inquérito aberto em função da denúncia do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

FALSO MÉDICO.

Vale a pena lembrar também que existe aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Quarterização, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), para investigar o caso do falso médico que atuava no Hospital, bem como envolvimento de funcionários na fraude.

Em decorrência da sucessão e negligencia da contratação, o falso médico atendeu diversos pacientes, tendo inclusive medicado uma idosa com medicamentos para tratamento de Covid-19, sendo que o quadro clínico era de câncer, e infelizmente, a paciente veio à óbito.

O promotor de Justiça Marlon Fernandes ajuizou ação de indenização por dano moral social contra a SPDM, CAP Serviços Médicos e Unidade Clínica de Ortopedia e Traumatologia (UCOT). A Prefeitura está apurando o caso.